Artigo Anais VII ENALIC

ANAIS de Evento

ISSN: 2526-3234

A IMPORTÂNCIA DA BIOLOGIA PARA A FORMAÇÃO DA CIDADANIA

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Em momentos de orientação foi discutido o déficit que a falta de conteúdos e discussões de caráter biológico causaria na formação científica dos estudantes, já que a vida e suas consequências permeiam nosso entorno de diversas formas, das nossas enfermidades aos remédios, tendo influência significativa inclusive na forma que nos organizamos e socializamos. Diante disso, entendemos que a biologia é essencial também na formação para a cidadania, pois um conhecimento precário sobre a metodologia das ciências biológicas e de seus resultados nos últimos séculos leva a reprodução de tabus e superstições, contribuindo assim para a ignorância que gera inúmeros problemas sociais. Decidimos então realizar um projeto que teria como objetivo proporcionar aos estudantes uma base crítica sobre como a ciência se constitui e trabalha, focando no estudo da vida. As aulas foram desenvolvidas de forma expositiva-dialogada, sendo incentivada a todo momento a participação dos alunos com perguntas feitas pelos estagiários ou respostas dadas pelos mesmos às indagações que surgiam. A lousa foi uma ferramenta bastante usada, mas não para copiar conteúdos simplesmente, e sim para fazer desenhos ilustrativos dos conceitos e estruturas falados em sala, por vezes muito abstratos para os alunos de 9° ano. Trouxemos temas diversos, mas que tinham em comum a presença significativa na vida dos estudantes. Com essas ações esperávamos contribuir para a compreensão de que todos os seres vivos são constituídos de matérias químicas comuns e estruturas básicas como a célula e que podem ser agrupados de acordo com seu parentesco evolutivo, já que todos são descendentes de um único ancestral comum, sensibilizando-os assim para uma visão de mundo mais naturalista, deixando de lado superstições e tabus que prejudicam suas vidas e a dos demais. Essa tomada de consciência em direção à uma convivência mais saudável em sociedade não é objetivo banal. Como Ferreira (1993) observa, a questão da educação para a cidadania não se coloca mais como um simples dilema, mas sim, como um imperativo social. E não são apenas estudiosos individuais que notam isso, mas está explicito nos documentos oficiais, como por exemplo a LDB, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, que em seu artigo 22 estabelece como finalidade para educação básica a formação comum indispensável para o exercício da cidadania. No entanto, é importante refletirmos sobre alguns autores que nos convocam a sermos críticos ao conceito de cidadania que é empregado pelos órgãos e documentos governamentais. Teixeira (2003) nos apresenta um dos trabalhos mais significativos que poderíamos mencionar, Palma Filho (1998). Segundo este pensador, a relação escola-cidadania precisa ser analisada com cuidado especial. Lembra o autor que na história da educação brasileira, mesmo em momentos de fechamento político, a legislação educacional não deixou de mencionar, como principal finalidade do processo educacional, a formação do cidadão. Palma Filho considera que é possível questionar se há possibilidade de se educar para a cidadania. Porém, a crítica do autor se refere à direção do modo genérico como a política educacional trata essa questão, ocultando na maioria das vezes, qual é o paradigma de cidadania que está sendo adotado. Um paradigma comprometido com instituições vinculadas aos interesses dos processos produtivos que influenciou, através de programas de fomento internacionais, uma educação vista como preparadora de recursos humanos. Essa noção de cidadania necessita de um ensino mecanicista e acrítico, excessivamente conteudista, relegando muitas vezes a educação cidadã ao ambiente privado, deixando distantes dos professores de ciências questões que vão da origem da vida até sexualidade ou drogas. O professor sentir constrangimento ao abordar assuntos específicos de biologia nas aulas de ciências denuncia o no currículo oculto da escola a tendência em silenciar alguns debates. Debates esses muitas vezes de fundamental importância por tratarem de assuntos presentes no cotidiano dos estudantes, sua falta causando assim uma educação científica precária para uma noção de cidadania que vai além da perspectiva do capital. Palavras-chave: Ensino de Ciências, Formação para a Cidadania, Ensino de biologia Referências DAMKE, I. R. O processo do conhecimento na pedagogia da libertação: as idéias de Freire, Fiori e Dussel. Petrópolis: Vozes, 1995. FERREIRA, N. T. Cidadania: uma questão para a educação. Rio de Janeiro: Nova fronteira, 1993. FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática docente. São Paulo: Paz e Terra, p. 25, 1996. MAYR, E. Isto é biologia: a ciência do mundo vivo. Editora Companhia das Letras, 2008. PALMA FILHO, J. C. Cidadania e Educação. Cadernos de Pesquisa. n.104, p.101-121. São Paulo: Cortez, 1998. SANTOS, M. E. Encruzilhadas de mudança no limiar do século XXI: co-construção do saber científico e da cidadania via ensino CTS de ciências. In: Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em Ciências, 2, Atas... Associação Brasileira de Pesquisadores em Educação em Ciências, Valinhos, 1999. TEIXEIRA, P. M. M. Educação científica e movimento CTS no quadro das tendências pedagógicas no Brasil. Revista Brasileira de Pesquisa em Educação em Ciências, v. 3, n. 1, 2003."
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Publicado em 03 de dezembro de 2018

Resumo

A IMPORTÂNCIA DA BIOLOGIA PARA A FORMAÇÃO DA CIDADANIA Bruno Simão Abu Marrul / abu_marrul@yahoo.com / UFC Eixo Temático: Formação inicial e continuada de professores - com ênfase na análise de experiência, programas e políticas Agência Financiadora: CAPES-Residência Resumo Durante o estágio supervisionado no ensino fundamental, nossa regência é realizada no ensino de ciências, pois as disciplinas física, química e biologia ainda não são trabalhadas especificamente. Dessa forma, é comum sermos orientados por professores de ensino básico com formação em áreas diferentes da nossa. Na escola aonde realizei o estágio, o professor de ciências do 9° ano era licenciado em química e por esse motivo, não ministrava os conteúdos de biologia. 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As aulas foram desenvolvidas de forma expositiva-dialogada, sendo incentivada a todo momento a participação dos alunos com perguntas feitas pelos estagiários ou respostas dadas pelos mesmos às indagações que surgiam. A lousa foi uma ferramenta bastante usada, mas não para copiar conteúdos simplesmente, e sim para fazer desenhos ilustrativos dos conceitos e estruturas falados em sala, por vezes muito abstratos para os alunos de 9° ano. Trouxemos temas diversos, mas que tinham em comum a presença significativa na vida dos estudantes. Com essas ações esperávamos contribuir para a compreensão de que todos os seres vivos são constituídos de matérias químicas comuns e estruturas básicas como a célula e que podem ser agrupados de acordo com seu parentesco evolutivo, já que todos são descendentes de um único ancestral comum, sensibilizando-os assim para uma visão de mundo mais naturalista, deixando de lado superstições e tabus que prejudicam suas vidas e a dos demais. Essa tomada de consciência em direção à uma convivência mais saudável em sociedade não é objetivo banal. Como Ferreira (1993) observa, a questão da educação para a cidadania não se coloca mais como um simples dilema, mas sim, como um imperativo social. E não são apenas estudiosos individuais que notam isso, mas está explicito nos documentos oficiais, como por exemplo a LDB, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, que em seu artigo 22 estabelece como finalidade para educação básica a formação comum indispensável para o exercício da cidadania. No entanto, é importante refletirmos sobre alguns autores que nos convocam a sermos críticos ao conceito de cidadania que é empregado pelos órgãos e documentos governamentais. Teixeira (2003) nos apresenta um dos trabalhos mais significativos que poderíamos mencionar, Palma Filho (1998). Segundo este pensador, a relação escola-cidadania precisa ser analisada com cuidado especial. 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