No semiárido brasileiro, a gestão das águas dos reservatórios vem sendo um desafio para os órgãos gestores. As características específicas da região, tais como o baixo índice pluviométrico e a alta vulnerabilidade a seca, ligadas ao desordenado crescimento populacional e aos conflitos pelos usos múltiplos das águas, dificultam ainda mais a gestão. Para que seja possível que qualquer usuário possa usufruir dos usos múltiplos das águas é necessário que ele tenha Outorga de Direito de Uso da Água. A outorga é um ato administrativo mediante o qual o Poder Público outorgante concede o direito de uso dos recursos hídricos, e tem como objetivo assegurar o controle do uso das águas, garantindo a todos os usuários o acesso aos recursos hídricos, conforme a disponibilidade em cada reservatório. Para auxiliar na gestão, umas das sugestões para verificar a disponibilidade de água e aferir a vazão a se outorgar, seria antes fazer uma simulação dos reservatórios. As simulações têm como finalidade o estudo do comportamento dos mesmos ao longo do tempo, para assim prever o desempenho e analisar a quantidade de água que pode ser retirada e outorgada sem oferecer riscos de escassez de água, ou, em quadros de escassez já verificados, analisar como minimizá-los. No estado da Paraíba, o órgão gestor é a AESA. Diante do exposto, o presente trabalho tem como objetivo realizar simulações do reservatório Cachoeira dos Cegos, localizado na região semiárida brasileira, afim de melhor entender o seu comportamento desde a última cheia, no ano de 2009. De acordo com as simulações, será feita a análise da sua gestão. Na metodologia, inicialmente foi feita a caracterização da região em estudo, que mostra onde está localizado o açude Cachoeira dos Cegos e os aspectos da região. Em seguida foi realizado um breve histórico do comportamento do mesmo. Posteriormente, foram mencionadas as vazões outorgadas, as vazões demandadas atualmente e a vazão de regularização do reservatório. Conhecendo estas vazões, foram feitas as simulações do comportamento do açude e as mesmas foram comparadas com a real simulação disponibilizada pela AESA. Após isso, foi feita a análise atual da sua gestão e foi observado falhas no processo de gerenciamento do reservatório. Verificou-se uma atuação limitada se comparado a atuação do órgão gestor em outros reservatórios do estado. A indisponibilidade de dados de outorga recentes foi algo que muito assustou, visto que para qualquer uso da água é necessário a Outorga de Direito de uso. Recomenda-se para que exista uma melhor gestão do açude, que sejam aplicadas Outorgas de Direito de Uso e que haja a verificação do cumprimento das mesmas por usuários regularizados. É aconselhado que sejam identificados os usuários não regularizados e que sejam adotadas medidas destinadas à regularização destes. Ainda, é importante que haja apoio à execução das atividades de fiscalização dos órgãos gestores de recursos hídricos. Deve-se evitar infringir as normas gerais e garantir, através de fiscalização, que as leis definidas no papel, estejam de fato sendo aplicadas para todos. Este estudo de caso mostra a necessidade de políticas de gestão de recursos hídricos mais eficazes na região, outorgando e inspecionando o uso da água, para redimir os problemas antes que estes tornem maiores proporções sociais ou ambientais.