Este artigo visa compreender como ocorreu o delineamento do discurso eleitoral das candidaturas competitivas de oposição para as eleições presidenciais de 2014. Tomando por referência o Propaganda Partidária Gratuita (PPG) busco evidenciar os elementos discursivos que foram constituindo o cerne do debate oposicionista na referida disputa eleitoral. A análise aqui desenvolvida contempla os programas partidários de PSB/REDE (março/2014) e PSDB (abril/2014), buscando destacar as especificidades de cada candidatura na construção de um discurso oposicionista bem como os aspectos comuns dessa crítica disseminada pela oposição. A perspectiva metodológica que orientou a análise toma por referência a identificação dos enquadramentos interpretativos (PORTO, 2002) produzidos pelos agentes políticos. Tais enquadramentos podem ser entendidos como “padrões de interpretação que promovem uma avaliação particular de temas e/ou eventos políticos, incluindo definições de problemas, avaliações sobre causas e responsabilidades, recomendações de tratamento, etc.” (PORTO, 2002. p. 15). Os resultados indicam forte influência do discurso oposicionista pela linguagem que emergiu das ruas nas Manifestações de Junho de 2013, com ênfase na perspectiva de mudança e na necessidade de diálogo com a população, sobretudo, com os jovens. Cabe destaque que tal discursividade se nutria e endossava críticas que já circulavam entre políticos e agentes da mídia relativas ao estilo de liderança da então presidenta Dilma Rousseff. O discurso oposicionista chegou, portanto, ao pleito eleitoral com força expressiva, o que se fez sentir pela definição da retórica da eleição presidencial marcada pela tônica da mudança. Tal cenário eleitoral, em que até a candidatura situacionista assumiu a perspectiva discursiva da mudança, deixou evidente a efetividade da oposição em captar os anseios de parte do eleitorado e sistematizar um discurso político representativo.