Os fungos são organismos encontrados nos mais diferentes ambientes, justamente por apresentarem estruturas chamadas de esporos, que ajudam na sua dispersão. Estes organismos podem ser diferenciados em hialinos e demáceos. Os fungos demáceos são especificamente mais associados às infecções fúngicas e afetam geralmente indivíduos imunocomprometidos. Diante disso, o objetivo do trabalho foi analisar a presença de fungos demáceos em dois hospitais terciários de Fortaleza-CE, com o intuito de conhecer a diversidade fúngica nesses ambientes. O experimento foi realizado em duas unidades hospitalares terciárias de Fortaleza-CE, durante oito meses de coleta (novembro/2016 a junho/2017). Em cada unidade hospitalar foram selecionados 5 pontos amostrais, a saber: recepção da emergência, consultório da emergência, unidade de terapia intensiva, ambulatório e estacionamento. As coletas ocorreram mensalmente em cada local e, para isso, utilizou-se o método da sedimentação passiva em placas de Petri de 150 mm de diâmetro, contendo o meio de cultura Ágar Batata Dextrose (Himedia®). As placas ficaram expostas por 12 horas (7 as 19 horas), a uma altura de 1,50 m acima do solo. Findo o período de coleta, as placas de Petri contendo as amostras biológicas foram encaminhadas ao Laboratório de Microbiologia - LAMIC da Universidade Estadual do Ceará, e permaneceram incubadas a temperatura de 25 – 27 °C durante sete dias. A partir do aparecimento de colônias fúngicas, procedeu-se a contagem global das mesmas e foram analisadas macroscopicamente e microscopicamente. De acordo com os resultados, o hospital A e B obtiveram o somatório total dos oito meses analisados (novembro/2016 a junho/2017), de 5.666 UFC.m-3 e 6.474 UFC.m-3, respectivamente. No Hospital A, identificou-se no período analisado um total de 13 gêneros fúngicos, sendo eles Cladosporium (100%), Mucor (87,5%), Curvularia (75%), Alternaria (62,5%), Bipolaris (50%), Exophiala (50%), Nigrospora (50%), Scytalidium (37,5%), Cladophialophora (37,5%), Rhizopus (25%), Aureobasidium (12,5%), Cunninghamella (12,5%) e Cyphellophora (12,5%). Já no Hospital B, identificou-se 12 gêneros fúngicos, sendo eles Mucor (100%), Curvularia (62,5%), Cladosporium (50%), Rhizopus (50%), Alternaria (37,5%), Nigrospora (37,5%), Exophiala (25%), Bipolaris (12,5%), Cladophialophora (12,5%), Cunnunghamella (12,5%), Exserohilium (12,5%) e Scytalidium (12,5%). Em relação à presença dos gêneros fúngicos nos 5 setores analisados dos dois hospitais, encontrou-se no Hospital A, que o estacionamento, ambulatório e unidade de terapia intensiva foram os setores com maior diversidade fúngica, com 9 gêneros respectivamente; já no hospital B, encontrou-se maior diversidade fúngica na unidade de terapia intensiva e consultório da emergência, com 7 fungos respectivamente. O presente trabalho identificou a presença de 14 gêneros fúngicos em dois ambientes hospitalares terciários, sendo a Unidade de Terapia Intensiva, o setor principal comum aos dois hospitais, com maior diversidade. Neste tipo de ambiente encontra-se pacientes com sistema imunológico comprometido, e a presença de fungos que podem atuar como patógenos primários podem desencadear infecções nestes pacientes. Portanto, conhecer a diversidade de fungos presentes em ambientes hospitalares é de grande importância para combater os possíveis impactos que estes micro-organismos venham causar e garantir a qualidade do ar desses ambientes.