Visto, conforme Nogueira (1986) como uma construção social e humanamente necessária
para se educar contra a culpa pelo mal, a violência, a dor da alma e a infelicidade, o diabo faz parte do
imaginário cultural dos povos do Ocidente e sua representação na literatura popular corresponde a
um misto de tensões sociais com atributos histórico-religiosos a ele atribuídos, Deste modo este artigo
pretende mostrar as interações de leitura sobre a configuração do diabo e sua (des) construção em
alguns folhetos de cordel, realizada no 9° ano, na escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio
André Gadelha em prol tanto da verificação do imaginário místico-religioso quanto do rompimento
com o seu caráter de potência do mal. A metodologia proposta para este trabalho corresponde a dez
oficinas de leitura de cordéis, envolvendo o emprego das Múltiplas Linguagens na vivência dos
conteúdos dos cordéis. Os questionamentos que motivaram esse trabalho foram: De que modo a
literatura de cordel aborda a figura do diabo? Como o humor atua na desconstrução da esperteza e
malignidade desse ser sobrenatural? Como as múltiplas linguagens podem auxiliar nas experiências
sensíveis com o texto poético e promover a interação entre os saberes culturais e os conhecimentos
advindos da leitura? Para isso, ancoramo-nos nos seguintes teóricos Bordini e Aguiar (1993),
Nogueira (1986), Stanford (2003), Martins (2006), Pinheiro (2011), dentre outros. Essa experiência
evidencia não só as possibilidades de resgate cultural nas práticas pedagógicas, como também a
discussão dos modos de (re)ver , pensar e sentir as expressões coletivas localizadas.