Na interface do ensino-aprendizagem da EJA (Educação de Jovens e Adultos), nota-se que, na maioria das vezes, as práticas de leitura são referencializadas e trabalhadas como uma prática sistematizada, que estão preocupadas, sobretudo, com a proposição de modalidades de leitura que levem o aluno a realizar a decodificação e a compreensão de passagens explícitas do texto, promovendo, assim, um distanciamento da crença da leitura como prática social (SANTOS, 2017). Diante disto, o presente artigo objetiva analisar uma aula, que foi desenvolvida em uma turma do 2° ciclo da EJA, na qual trabalhamos o conto Uma vela para Dario, de Dalton Trevisan (1979), por meio da compreensão da leitura enquanto uma prática social (KALMAN, 2008). Para isto, alicerçamo-nos, como aporte teórico, em: Kalman (2008), Paulino e Cosson (2009), Cosson (2012), Street (2014), Souza (2016), Santos (2016), Almeida (2016), dentre outros. À luz da compreensão da leitura como uma prática social, observamos que os alunos se expressaram e tomaram para si diversas interpretações, que focalizaram a relação estabelecida entre a leitura do conto e o contexto social em que eles vivem, bem como as possíveis representações que a personagem Dario poderia assumir na ordem do mundo real. Nessa direção, ressaltamos que as leituras interpretativas foram significativas, principalmente pelo corpo discente colocar-se no lugar do outro. Por esta razão, acreditamos que o presente trabalho contribui para a abordagem da leitura em sala de aula, em especial, na modalidade EJA, principalmente por concebermos o aluno da EJA como um sujeito autor de sua vida.