MELO, Bruno Santos. . Anais XIII CONAGES... Campina Grande: Realize Editora, 2018. Disponível em: <https://editorarealize.com.br/artigo/visualizar/42221>. Acesso em: 24/12/2024 02:33
Pode-se afirmar que a literatura contemporânea brasileira se apresenta como um espaço de problematizações acerca de questões de ordem de raça, de gênero, de geração, bem como dos ideais preconizados por uma cultura de ordem patriarcal, de maneira a ressignificá-los e atribuí-los uma visão distinta da que se consolidou enquanto parâmetro. Dentre a gama de questões afirmativas na atual produção literária, a consciência do indivíduo em meio ao contexto em que se está inserido e, sobretudo, a produção dos discursos sobre si descentralizada do branco, hétero, burguês, (DALCASTAGNÈ, 2008) se delineiam enquanto aspectos essenciais para a emancipação dos que, historicamente, foram lançados à margem da sociedade. Diante disto, este artigo tem como principal enfoque promover uma reflexão acerca dos papeis sociais imputados à figura da mulher frente aos processos de emancipação que esta atribui para si, embora contrariando, muitas vezes, valores e normatizações do comportamento feminino. A partir das relações estruturadas pela protagonista do conto “Naquele tempo”, da escritora paraibana Maria Valéria Rezende, em que há o despertar de um amor por um homem que no decorrer da narrativa estranha os posicionamentos tomados pela personagem, questiona-se os moldes que perduram e resistem no que concerne à restrição dos comportamentos da mulher, bem como evidencia a posição da protagonista em prol de seu bem-estar. Como pressupostos teóricos, recorrer-se-á às discussões elencadas por Arruda (2012) e Dalcastagnè (2008) sobre a literatura contemporânea, bem como aos apontamentos de Del Priore (2008, 2006), Telles (2010), dentre outras, acerca da condição feminina no contexto brasileiro.