A identificação de linhagens com tolerância a seca se caracteriza como um dos principais pontos que norteiam os programas de melhoramento desenvolvidos para condições de baixa disponibilidade hídrica. A introgressão de genes de espécies selvagens de Arachis para o amendoim cultivado é uma estratégia promissora para ampliar a base genética, e assim aumentar o manancial de genes favoráveis para enfrentar adversidades ambientais. Nesse trabalho foram adotados procedimentos de seleção para identificar linhagens com tolerância à seca. Foram avaliadas 13 linhas (RC1F3) oriundas de retrocruzamento da BR 1 com anfidiploide sintético de Arachis. As plantas foram cultivadas em ambiente controlado e submetidas a 15 dias de supressão hídrica na fase inicial de florescimento. Duas cultivares precoces e tolerantes a seca (BR 1 e Senegal 55 437) foram utilizadas como testemunhas. Oito caracteres agronômicos foram adotados para caracterização dos materiais. Os procedimentos de seleção se basearam em modelos mistos (REML/BLUP) e Índice de seleção de Soma de Ranks, proposto por Mulamba e Mock. A herdabilidade média das linhas apresentou valores altos para maioria das variáveis, indicando possibilidade de ganho com a seleção, com exceção para número de vagens por planta, cujo valor foi menor que 20%. A razão entre coeficiente de variação genético e ambiental revelou valores que variaram de baixo a moderado, indicando a possibilidade de progresso genético com a continuidade dos ciclos de seleção, sendo os valores mais expressivos encontrados para comprimento da haste principal, número de sementes por vagem e massa de 100 sementes. A seleção por meio do modelo misto BLUP e pelo índice de Mulamba e Mock foram concordantes em indicar as 3 melhores linhagens dentre as 13 avaliadas. As linhagens selecionadas se destacaram nas características agronômicas, com ganhos expressivos para número de vagens por planta, comprimento da vagem e número de sementes por vagem, além de ganhos negativos para precocidade, reduzindo o início da floração e a maturação das vagens em, pelo menos, 1 dia no ciclo da cultura. Para ambientes com restrição hídrica, como o semiárido brasileiro, esse resultado é relevante porque pode contribuir para melhor adaptação de futuras cultivares.