O Semiárido Brasileiro (SAB) possui um regime climático característico, onde a precipitação pluviométrica é marcada pela variabilidade espaço-temporal e com evaporação que supera as precipitações irregulares, além de longos períodos de secas que ocorrem ciclicamente. Em período de estiagem prolongada, à situação se agrava, impactando negativamente até o abastecimento urbano de água dos municípios pertencentes ao SAB, seja do ponto de vista quantitativo ou qualitativo, onde apenas 39% das sedes municipais atendem integralmente aos padrões de potabilidade para consumo humano, conforme preconiza a portaria 2914/2011 do Ministério da Saúde. Assim, destacam-se as fontes alternativas que exigem tratamentos simplificados e que não altere as características organolépticas da água, como por exemplo, a captação, armazenamento e aproveitamento da água de chuva. Nessa perspectiva, o Instituto Nacional do Semiárido (INSA) vem realizando estudos sobre a captação e armazenamento de águas pluviais, bem como técnicas de tratamento para adequar essas águas aos parâmetros preconizados na portaria referida. Diante do exposto, esse trabalho tem como objetivo apresentar os resultados preliminares obtidos com o monitoramento microbiológico e físico-químico das águas pluviais oriundas do sistema de captação e armazenamento implantando nas instalações do INSA. Existem dois tipos de cobertura de captação (telhado prediais e das estufas). A caracterização físico-química inicial, foi realizada nas amostras de água pluviais armazenadas no mês de Março de 2017, seguindo as metodologias descritas no Standard Methods. Nos meses seguintes (Abril, Maio e Junho) foram coletadas amostras de águas pluviais para análises microbiológicas, bem como pH e condutividade elétrica. Para a quantificação dos coliformes utilizou-se o método da membrana filtrante e os resultados expressos em Unidades Formadoras de Colônias (UFC/100 mL). Os resultados dos parâmetros físico-químico apresentaram características de água potável, de acordo com a portaria, com valores de turbidez de 2,98 UT, cor aparente de 13 UH, de 6,14 para pH e sólidos totais solúveis de 27 mg/L. Nos meses de monitoramento, a condutividade elétrica das águas captadas nos dois tipos de cobertura variou de 51,6 a 58,3 µs/cm (telhados prédios) e de 37,0 a 49,2 µs/cm (telhados estufas) e os valores de pH variaram entre 7,4 a 7,5 (telhados prédios) e de 6,0 a 6,2 (telhados estufas).Para o monitoramento microbiológico nos dois tipos de telhados, os resultados de coliformes termotolerantes variaram de 70 a ≤ 200 UFC/100 mL nos telhados prediais e de 177 a > 300 UFC/100 mL nos telhados das estufas. Em todas as amostras de águas foram detectadas colônias de Escherichia coli (indicador de contaminação fecal), onde os valores encontrados nas amostras do telhado das estufas foram em torno de quatro a cinco vezes maiores em relação ao telhado dos prédios. Através desses resultados, conclui-se que as águas pluviais captadas nos dois tipos de telhados apresentaram parâmetros físico-químicos apropriados segundo a portaria do MS, porém o mesmo não ocorreu para os parâmetros microbiológicos. Esses resultados estão sendo aplicados nas pesquisas, em andamento, com técnicas de tratamento para potabilidade de águas pluviais de baixo custo, fácil implantação e operação, podendo ser instaladas em áreas urbanas e rurais do SAB.