Introdução: A impactante descoberta da infecção pelo HIV leva à mudanças em vários aspectos da vida do indivíduo. Viver com esse problema e com as dificuldades impostas pela condição sorológica em relação à satisfação com a vida, é um dos grandes desafios impostos a essas pessoas. Assim, o objetivo desse estudo foi avaliar a satisfação com a vida das pessoas idosas que vivem com o HIV atendidas nos serviços de referência em Recife – PE e identificar a relação com as variáveis: idade, sexo, situação conjugal, escolaridade e rendimento mensal. Metodologia: Trata-se de um estudo descritivo, quantitativo e transversal que foi realizado nas 07 unidades de referência para tratamento do HIV em Recife – PE. Participaram 241 pessoas idosas de ambos os sexos que foram selecionadas por amostra de conveniência e aleatória. Todas responderam a um questionário que continha questões sociodemográficas, além da Escala de Satisfação com a Vida (ESV), entre os meses de outubro de 2016 e maio de 2017. Para análise estatística foi utilizado o software SPSS 22.0.
Para definir o uso de testes não paramétricos e paramétricos utilizou-se o Teste de Shapiro-Wilk. Não foi encontrada normalidade em nenhum dos domínios do instrumento utilizado, a ESV, nem nas demais variáveis quantitativas. Portanto, para testar a hipótese de que dois grupos tenham distribuição igual, utilizou-se o teste não paramétrico de Mann-Whitney. Já quando a comparação foi executada entre três ou mais grupos, utilizou-se o teste não paramétrico de Krurskal-Wallis. Resultados e discussão: participaram 151 homens e 90 mulheres, a maioria na faixa etária dos 60 a 64 anos, solteiros (as), com escolaridade entre 1 e 4 anos de estudo e rendimento mensal de 1 a 2 salários mínimos. Percebe-se que na análise estatística foi encontrada apenas diferença estatisticamente significante entre a Satisfação com a Vida e as variáveis sexo, escolaridade e rendimento mensal. Desde o início da epidemia do HIV no Brasil até o presente momento identifica-se um maior número de homens. Quando o assunto é a escolaridade, os achados dessa pesquisa corroboram com o perfil social nacional da infecção pelo HIV, uma vez que os indivíduos com menor instrução são os mais acometidos. Sabe-se que o nível de escolaridade está diretamente relacionado à situação socioeconômica. Em relação à Satisfação com a Vida, pode-se afirmar que esta é um construto multidimensional e subjetivo que dependerá de diversos fatores que nem sempre são os mesmos para todas as pessoas. Dentre esses fatores podemos citar a renda que está diretamente ligada à escolaridade, sexo também está relacionado à Satisfação com a Vida. Indivíduos do sexo masculino, por terem geralmente maior escolaridade e renda que as mulheres, enfrentam a infecção pelo HIV de maneira mais confortável uma vez que o estigma relacionado a esse agravo tem maior peso nas mulheres. É necessário que o preconceito seja desconstruído, principalmente quando trata-se do HIV, que haja incentivo à paridade salarial entre os gêneros e que as mulheres tenham mais oportunidade de acesso tanto no mercado de trabalho como no âmbito educacional.