INTRODUÇÃO: A hérnia de Bochdalek é um defeito congênito da porção póstero-lateral do diafragma, a qual normalmente se fecha por volta da 8ª semana de vida fetal. Afeta 1:2200 recém-nascidos, sendo rara em adultos (0,17% a 6%). Embora seja idiopática, os cientistas acreditam que fatores genéticos e ambientais contribuem para o seu aparecimento. Com incidência entre 1% e 5%, é predominante em mulheres sobre os homens (17:5). Em adultos, os casos mais graves apresentam sintomas que podem se relacionar a complicações decorrentes de vísceras abdominais herniadas, com encarceramento, estrangulamento, sofrimento e perfuração em nível torácico ou abdominal com suas consequentes intercorrências sépticas. O caso atípico ocorreu em uma paciente de 76 anos, nunca antes diagnosticada, que apresentava sintomas inespecíficos como dor de leve intensidade, alternada com períodos de piora clínica, localizada na base pulmonar esquerda, sendo diagnosticada a partir de exames radiológicos tomográficos. O efeito de massa no tórax pode causar alterações anátomo-fisiológicas no sistema cardiorrespiratório decorrentes da compressão de estruturas. Clinicamente, apresenta dor, dispneia, macicez do hemitórax e presença de peristaltismo no tórax. Tais sintomas podem se apresentar de forma aguda ou recorrente, fazendo parte do diagnóstico diferencial de abdômen agudo. OBJETIVOS: Esse trabalho visa relatar o caso clínico de uma paciente portadora de Hérnia de Bochdalek, que apresentava descontinuidade diafragmática no aspecto póstero-lateral esquerdo, com insinuação do tecido adiposo para seu interior. DESENHO DO ESTUDO: Trata-se de um estudo descritivo do tipo Relato de Caso, utilizando informações retrospectivas, transversal, clínicas, primárias, intervencionais, obtidas por meio dos prontuários do sujeito deste caso. MÉTODO: Esse trabalho foi configurado por meio de revisão do prontuário, fotografias dos métodos diagnósticos, entrevista com o paciente, os quais foram submetidos a revisão da literatura. RESULTADOS PRINCIPAIS: Foi realizado raio x de tórax anterior da paciente apresentando redução da transparência da base pulmonar esquerda, com limites bem definidos e aparente aspecto convexo na incidência em perfil, que pode ter natureza pleural. Além disso, encontraram-se achados nos cortes tomográficos multiplanares, em janela de mediastino e de pulmão. Assim, foi realizada conduta conservadora, mantendo analgesia e controle sintomático. Hoje a paciente encontra-se bem, sem complicações. CONCLUSÃO: O diagnóstico tardio da hérnia de Bochdalek é difícil, visto que, sua incidência nas faixas etárias mais avançadas é rara. É necessário um elevado índice de suspeição para que seja realizado. O avanço nos exames radiológicos, em especial da tomografia computorizada, nos ajudam a confirmar o diagnóstico e orientar o tratamento que nos casos mais graves, pode ser cirúrgico, através da redução do conteúdo herniado e fechamento do defeito diafragmático.