A percepção que o idoso tem da própria saúde é considerada um importante preditor da saúde geral, tais como a utilização de serviços, a capacidade funcional e a mortalidade. A satisfação com a vida é um indicador de ajustamento aos eventos estressantes de vida, incluindo as condições de saúde na velhice. Objetivo: Descrever a auto-percepção de saúde e a satisfação com vida de idosos. Método: Participaram 134 idosos, com idade média de 72 anos (DP=8,0), sendo a maioria do sexo feminino (77,6%), cadastrados no Programa de Saúde da Família de um município do interior da Bahia. Foram feitas entrevistas no domicílio utilizando-se: a) Questionário de informações sócio-demográficas; b) Quatro questões com itens escalares para avaliação da saúde percebida hoje, comparada com o passado e com contemporâneos e a perspectiva futura de saúde; c) Uma questão com item escalar para avaliar a satisfação geral com vida. Foram feitas estatísticas descritivas e análise de correlação de Spearman (nível de significância de 5%). Resultados: Quanto à percepção geral de saúde, 6,7% a consideraram muito boa ou excelente, 29,1% boa, 46,3% razoável e 17,9% péssima. Comparada com contemporâneos, a maioria (53%) considerou que a sua saúde está melhor, 30,6% igual e 16,4% pior. Comparada com a de um ano atrás, 23,9% considerou que está melhor, 43,3% igual e 32,8% pior. Quando avaliaram como imaginam que sua saúde estará daqui a um ano, 44% relataram que estará melhor, 35,1% igual e 20,9% pior. A satisfação com a vida variou de 1 a 10, e apresentaram uma média de 8,2 (DP=2,0). Os idosos com maior satisfação com a vida fizeram uma avaliação mais positiva da saúde percebida do que aqueles com menor satisfação com a vida. Para os mais satisfeitos com a vida, a saúde atual foi relatada como boa por 42,4%, razoável por 43,9% e péssima por 13,6%; enquanto que 29,9% dos com menor satisfação com a vida a consideraram como boa, 49,3% razoável e 20,9% péssima. Em comparação com contemporâneos, a maioria (60%) dos idosos mais satisfeitos com a vida avaliaram que sua saúde está melhor (em relação a 44,8% dos menos satisfeitos) e a metade considerou que está igual a um ano atrás. Quanto à perspectiva de futuro, verificou-se que mais idosos com menor satisfação com a vida esperam que sua saúde melhore (46,3%) em relação aos mais satisfeitos (42,4%), no entanto, uma porcentagem maior deles também espera estar pior do que estão hoje (23,9%) do que os mais satisfeitos com a vida (16,7%). A análise de correlação de Spearman indicou que quanto maior a satisfação com a vida, melhor a avaliação da própria saúde hoje e em comparação com contemporâneos (p<0,01). Conclusão: De modo geral os idosos mostraram uma auto-percepção menos positiva da própria saúde hoje do que quando a compararam com contemporâneos, com o passado e com o futuro. Os dados indicaram que a maneira pela qual os idosos avaliam sua própria saúde influencia na satisfação geral com a vida, especialmente quando o mecanismo de comparação social foi utilizado.