A fauna de serpentes do Brasil é considerada uma das mais ricas do planeta com 365 espécies, sendo 15% (55 espécies) destas, pertencentes às famílias Elapidae e Viperidae, consideradas peçonhentas. No Brasil, a cada ano ocorrem cerca de 20 mil acidentes com serpentes, com um número de óbitos muito reduzido, graças à aplicação de soro específico, não ultrapassando 300 pessoas. Entre os anos de 2009 a 2015 no estado da Paraíba ocorreram 18.984 casos de acidentes ofídicos, onde 17.278 casos não foram classificados quanto ao gênero da espécie, significando um dado alarmante. A identificação das espécies de serpentes é essencial para diagnóstico diferencial entre acidentes causados por espécies com efeitos similares no local da picada, base para estudos toxinológicos e quanto a estratégias para produção de apropriado e eficiente antiveneno e no tratamento dos pacientes de acidentes ofídicos. Dessa forma, objetivou-se a identificação taxonômica das espécies de serpentes que são responsáveis por acidentes ofídicos no semiárido paraibano. Para isso, procedeu-se a análise de fichas de Notificação do SINAN, e os dados correspondentes a sintomas no local da picada e os espécimes trazidos pelos pacientes foram acondicionados em álcool 70% e encaminhados para o Laboratório de Estudos de Venenos e Animais Peçonhentos da Universidade Estadual Paraíba (LEVAP-UEPB) para identificação taxonômica. Os resultados encontrados mostram que as serpentes peçonhentas que mais causam acidentes na Paraíba são: Bothrops erythromelas, presente no Nordeste e Sudeste (Minas Gerais), Crotalus durisus durisus, com distribuição em todas as regiões do Brasil e Micrurus ibiboboca, presente no Norte, Nordeste e Sudeste, com as duas últimas espécies apresentando similaridade nos sintomas no local da picada. Os casos de serpentes não peçonhentas ocorreram com maior prevalência com as espécies: Pseudoboa nigra, Philodryas olfersii e Philodryas nattereri.