INTRODUÇÃO: Desde a década de 70 o Brasil tem vivenciado as consequências da transição nutricional, caracterizada pela diminuição da magreza e desnutrição em detrimento do sobrepeso e obesidade. Como consequência, tem ocorrido um crescente aumento do percentual de Doenças Crônicas não Transmissíveis (DCNT). O envelhecimento da população tem sido associado ao prevalente aumento destas patologias, exigindo, portanto, a adoção de práticas alimentares e estilo de vida saudáveis. Porém, para essas mudanças de comportamentos são necessárias medidas que influenciam diretamente na cultura e na realidade destes indivíduos. Neste sentido, durante a disciplina de Antropologia e História da Alimentação foi realizada uma ação de extensão, no intuito de verificar os hábitos alimentares dos idosos na zona urbana do município de Santa Cruz/RN. OBJETIVO: Relatar a experiência obtida nesta atividade, destacando a influência das DCNT nas modificações dos padrões alimentares da população idosa. METODOLOGIA: Adotou-se uma abordagem qualitativa, por meio de entrevistas semi-estruturadas. RESULTADOS: Para a coleta das informações, os discentes realizaram uma busca ativa do público-alvo a ser trabalhado, no bairro do DNER, em Santa Cruz/RN. Em seguida, dirigiram-se às residências dos mesmos, relatando acerca dos objetivos do trabalho e, caso estes aceitassem participar da ação, os discentes iniciavam as entrevistas. Do total de idosos visitados, cinco deles concordaram em responder aos questionamentos. Na execução desta proposta, observou-se que os padrões alimentares construídos desde a infância modificaram-se significativamente em função de aspectos diversos. As DCNT mostraram-se bastante influentes nestas modificações. Durante o tratamento destas patologias, os idosos destacaram que os profissionais de saúde orientaram a retirada de alguns alimentos que normalmente pertenciam às suas culturas e hábitos. Apesar destas modificações, o grupo demonstrou-se insatisfeito em relação a estas mudanças, uma vez que os alimentos preconizados na maioria das vezes não pertenciam aos seus costumes tradicionais e, além disso, o gosto pela comida não era levado em consideração. Ressalta-se que os indivíduos entrevistados destacaram que muitos dos alimentos que deveriam ser utilizados no tratamento destas doenças, não eram consumidos em função das condições socioeconômicas vivenciadas por estas famílias. Alguns participantes salientaram ainda que, mesmo conforme as orientações médicas, determinados gêneros alimentícios não eram retirados de seu cotidiano, uma vez que os mesmos estavam arraigados aos hábitos construídos no decorrer de suas vidas. CONCLUSÃO: Portanto, com a ação realizada observou-se que os hábitos alimentares dos entrevistados sofreram significativas mudanças devido ao surgimento das DCNT. Porém, na adoção de práticas alimentares saudáveis fazem-se necessárias medidas de intervenção que trabalhem o usuário numa perspectiva integral e múltipla, entendendo os diversos aspectos que envolvem essas modificações. Ressalta-se ainda a necessidade do respeito à realidade socioeconômica e cultural destes indivíduos, de maneira que a garantir que a dieta sugerida seja congruente com a realidade vivenciada pelos mesmos.