O campo de educação costuma ser citado como área onde grandes conquistas em termos de equidade de gênero foram alcançadas. O acesso das mulheres ao ensino aumentou significativamente na segunda metade do século passado, de modo que o hiato de gênero hoje se encontra revertido. No entanto, as políticas públicas educacionais pouco têm se preocupado com as questões relacionadas à desigualdade e discriminação de gênero na educação que vão além da democratização do seu acesso. As práticas em sala de aula e no dia-a-dia escolar foram pouco discutidas e alteradas nas últimas décadas. O presente trabalho se estrutura nas entrevistas realizadas com as alunas integrantes da Comissão Feminista, xs professorxs e a direção do Colégio Pedro II, Campus Tijuca, no Rio de Janeiro, bem como na revisão bibliográfica de literatura sobre discriminação e violência de gênero no Brasil. Apresentamos resultados preliminares sobre as discriminações e violências de gênero que se fazem presentes nessa escola pública, bem como a experiência de resistência por parte da Comissão Feminista. Nossa pesquisa mostra que discriminações e violências de gênero das mais diversas naturezas são uma realidade no cotidiano dessa escola: assédios sexuais, ataques e difamações verbais e até bullying virtual são relatados com frequência e comprovam a necessidade de ensino e discussão crítica de assuntos relacionados a gênero, sexualidade e violência de gênero. A mobilização das próprias alunas comprova ainda a urgência de políticas públicas especificas voltadas para a promoção da igualdade e o combate da discriminação e violência em função do gênero.