Embora muito tenha sido dito e debatido sobre a questão das desigualdades sociais, pouco se tem problematizado a tríade pobreza, drogas e violência como fios condutores da complexa reflexão a respeito da vida cotidiana dos indivíduos que residem em bairros populares designados como “periferia” nas grandes cidades. Assim, essas questões dão corpo ao imaginário social construído sobre o universo das drogas, sejam elas, lícitas ou ilícitas, seus usos e tráficos; bem como às relações sociais existentes nesses espaços. Este trabalho tem por objetivo refletir sobre os sentidos e significados atribuídos ao uso de drogas ilícitas, seus rituais sociais, assim como as normas e regras de conduta, vigentes entre homens usuários morador de bairros populares. A metodologia utilizada foi baseada em levantamentos de dados bibliográficos e projetos relacionados ao uso de substâncias psicoativas ilícitas em contextos de pobreza e violência; bem como os conhecimentos obtidos na análise de um estudo desenvolvido por mim no mestrado intitulado: Corpo “sarado”, corpo saudável? Construção da masculinidade de homens adeptos da prática da musculação na cidade de Salvador. Diante das ponderações apresentadas, ressalta-se a importância de se problematizar as categorias gênero, classe e raça, bem como os contextos socioculturais em que ocorre o uso dessas substâncias, para não cairmos na armadilha de rotularmos e estigmatizarmos um grupo em prol de outro. Acredito que este estudo possa ser de valia, na medida em que propõe uma análise crítica acerca da produção teórica brasileira referente a padrões de uso, regras e práticas de consumo de drogas ilícitas.