O objetivo desse artigo é problematizar a questão da violência e a opressão no campo, segundo a narrativa literária de José Lins do Rêgo, na obra Fogo Morto. Inicialmente, este trabalho tem a preocupação de demostrar como e quando no Brasil engendrou-se na formação de um poder local forte, caracterizado pelo patriarcalismo nas relações sociais e políticas. Na mesma linha de pensamento, será enfatizado a origem social do jagunço, cangaceiro e do coronel, como figuras decorres desse processo social de organização a partir do latifúndio e do patriarcalismo. E, por fim, será discorrido, segundo o enredo da citada obra regionalista, o modo como ocorrem as relações sociais perpassadas pela violência entre as personagens de Fogo Morto. Este trabalho é resultado de um estudo sobre as formas de opressão existentes no campo e as relações de poder entre os sujeitos que compõem a estrutura política brasileira. Podemos considerar que neste romance, o autor mostra não apenas a vida do homem rural, mas também o forte poder patriarcal que perpassa todas as relações sociais do nordeste canavieiro, o coronelismo, a manipulação dos órgãos institucionais, a violência explícita da polícia, dos jagunços e dos cangaceiros, contextualizado na Paraíba no final do século XIX e início do século XX, onde se destacava o o processo de decadência dos engenhos da Zona da Mata nordestina que, progressivamente, perdem seu poder com o surgimento das usinas. O presente estudo tem como procedimento teórico-metodológico uma análise literária da obra do escritor José Lins do Rêgo, Fogo Morto, bem como as contribuições de Victor Nunes Leal, em Coronelismo, enxada e voto; e Rui Facó, em Cangaceiros e Fanáticos: gênese e lutas.