O iniciar a marcha é uma tarefa utilizada frequentemente no dia-a-dia e pessoas com doença de Parkinson (DP) apresentam grande dificuldade para executá-la. Mais especificamente, esses pacientes apresentam uma maior duração, menor comprimento e menor velocidade do passo. Pessoas com DP são mais dependentes da informação visual para a correta execução de tarefas motoras, já que apresentam déficits no processamento de informações proprioceptivas. Entretanto, o papel do feedback visual sobre o desempenho do iniciar o andar em indivíduos com DP ainda foi pouco explorado. Assim, o objetivo desse estudo foi investigar os efeitos da manipulação do feedback visual sobre o desempenho do iniciar o andar em pessoas com DP. Foram avaliados dois grupos de indivíduos compostos por 14 indivíduos com DP idiopática (grupo GDP) e 15 indivíduos saudáveis (grupo GCT). Ambos os grupos apresentaram idade e funções cognitivas semelhantes (p>0,12): DP: 66,53+/-6,46 anos e 27,47+/-1,81 pontos no Montreal Cognitive Assessment (MoCA); CT: 66,85+/-7,88 anos e 26,21+/-2,46 pontos. Os indivíduos foram instruídos a iniciar o andar com qualquer membro e caminharem por uma distância de 5 metros na sua velocidade de preferência com (CF) e sem feedback visual (SF). Para as tentativas sem feedback visual, uma venda comum foi posicionada sobre os olhos dos participantes. O posicionamento dos calcâneos no espaço foi obtido por meio de um sistema de câmeras optoeletrônicas (sistema Optotrack - NDI®). Para tal, foram posicionados, sobre a face lateral de ambos os calcâneos, emissores de infravermelho (IREDs). O posicionamento desses IREDs foram utilizados para definir o comprimento, a largura, a duração e a velocidade do primeiro passo. Os participantes realizaram três tentativas em cada condição (distribuídas randomicamente) e a média entre elas foi considerada para a análise estatística. Foram utilizados Testes de Análise de Variância (ANOVA) two-way considerando os fatores grupo (DP e CT) e feedback visual (CF e SF), sendo de medidas repetidas para o último. Os resultados indicaram um efeito principal de grupo para comprimento, largura e velocidade do passo (F(1,27)>10,34; p0,27), sendo que o GCT apresentou maiores valores que o GDP para as três variáveis. Também observou-se um efeito de feedback visual para o comprimento, largura e velocidade do primeiro passo (F(1,27)>5,71; p0,17): a ausência de feedback visual provocou uma diminuição do comprimento e velocidade do passo e um aumento da base de suporte em ambos os grupos. Não foram encontrados efeitos de ambos os fatores para duração do passo (F(1,27)0,12) ou interações entre os fatores para todas as variáveis (F(1,27)0,19). Os resultados indicam que apesar do pior desempenho no iniciar o andar os pacientes com DP não são mais dependentes da visão que indivíduos saudáveis para a execução do iniciar o andar, logo que a ausência de feedback visual provocou adaptações semelhantes em ambos os grupos. Os resultados sugerem que os déficits apresentados nos pacientes com DP durante o iniciar o andar mantém relação com outras deficiências que a de processamento de informações proprioceptivas. Apoio FAPESP e CAPES.