Entre os declínios funcionais decorrentes do processo natural de envelhecimento, estão os prejuízos sobre as funções cognitivas, como a velocidade de reação, função executiva e memória. Além das perdas naturais deste processo, idosos hipertensos tem maior propensão a desenvolverem demências. Terapias visando o controle pressórico e o aumento da reserva cognitiva são de extrema importância para estes pacientes. Uma terapia não medicamentosa que se destaca com amplas finalidades é o treinamento físico. Desta forma, o objetivo deste trabalho foi avaliar a eficiência de um programa de treinamento físico combinado (exercício de força e aeróbio) sobre as funções cognitivas de idosos hipertensos. A amostra foi composta por 35 idosos (12 homens e 21 mulheres), com média de idade de 64 ± 7 anos, Mini exame de estado mental (MEEM) 25,6 ± 2,6 e escolaridade 10,8 ± 4,3, randomizados em grupo controle (GC, N= 19) e grupo treino (GT, n= 17). O GT foi submetido a exercícios de força para os principais grupos musculares (7 exercícios, 1 série de 15 repetições, com intensidade 7 para uma escala de percepção subjetiva esforço de 0 a 10) seguido de 50 minutos de exercício aeróbio contínuo à 60% VO2reserva, 3 sessões/semana. Para avaliação da função executiva (controle inibitório) e velocidade de reação foi utilizada uma versão computadorizada do teste de Stroop (TESTINPACS®) que consistiu em três etapas (I reconhecimento de cor, II palavra escrita e III incongruência - cor da palavra diferente da palavra escrita). Outro software utilizado foi o Cogstate, os testes utilizados foram: Groton maze (GM), avalia a função executiva, aprendizagem e recordação do caminho a ser descoberto e a International Shopping list (ISL), uma lista de itens para recordar. Para análise dos dados foram comparados os deltas de variação (∆= pós - pré) das funções cognitivas de cada grupo utilizando teste t para amostras independentes. Foi testado se a função cognitiva foi alterada de forma significante após 16 semanas utilizando o teste t dependente. Houve diferenças significantes entre os deltas de GC e GT para função executiva (GM: ∆GC=-17%, ∆GT=19%, p=0,021) e tendência para memória verbal (ISL: ∆GC=1%, ∆GT=18%,p=0,063). Tanto a memória verbal (∆GT=18%, p=0,01), como o controle inibitório (∆GT=70%, P=0,002) e velocidade de reação (etapa incongruente do teste de Stroop) (∆GT=12%, P=0,03) aumentaram significativamente após 16 semanas de treino, além de tendências para a função executiva (∆GT=19%, p=0,09) e memória de longa duração (∆GT=13%, p=0,06). Nenhuma alteração ou tendência foi observada para o GC. Os dados apresentados sugerem que o exercício físico pode contribuir para melhora da função cognitiva global de idosos hipertensos. Vários mecanismos podem explicar essa melhora, dentre eles a melhor distribuição de nutrientes e O2 devido ao aumento do fluxo sanguíneo cerebral, proliferação de novas células nervosas, e maior ativação das áreas relacionadas às respectivas funções.
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