Introdução: A deficiência intelectual (DI) é um estado de funcionamento com início na infância, caracterizando-se pela dificuldade em aprender informações novas e/ou complexas e em interagir socialmente. Dentre as desordens crônicas frequentes nesta população, estudos prévios relataram alta prevalência de epilepsia em idosos com deficiência intelectual, com valores estimados entre 14%-44%, contrastando com os valores 0,7%-1,4% correspondentes à população geral mundial. Objetivos: o presente estudo tem, por objetivo, estimar a prevalência da epilepsia, determinar o perfil epidemiológico da desordem e avaliar sua implicação na autopercepção da qualidade de vida em idosos com DI em uma amostra nacionalmente representativa da República da Irlanda. Metodologia: Foram aleatoriamente selecionados 753 indivíduos a partir dos seguintes critérios: (1) possuíam 40 anos de idade ou mais, (2) estivessem registrados no National Intellectual Disability Database e (3) assinaram e/ou a família/responsável assinou o termo de consentimento para participar do estudo. As variáveis do estudo incluíram idade, sexo e nível de deficiência intelectual, presença de epilepsia, utilização de drogas anticonvulsivantes e autopercepção de qualidade de vida. A análise estatística descritiva apresentou o perfil dos participantes e a prevalência da epilepsia e da utilização de drogas anticonvulsivantes. A análise inferencial incluiu uma regressão logística binária a fim de verificar se a presença da epilepsia é determinante na autopercepção da qualidade de vida dos indivíduos analisados. Resultados: A amostra analisada foi majoritariamente constituída por mulheres (58,4%) e indivíduos na faixa etária de 50-64 anos. Além disso, 32,6% da amostra relatou apresentar epilepsia, e quase 60% relatou fazer uso de anticonvulsivantes. O modelo de regressão logística foi estatisticamente significativo no tocante à presença de epilepsia como variável importante na autopercepção da qualidade de vida como média ou ruim. Conclusão: O presente estudo estimou a prevalência de epilepsia em uma amostra nacionalmente representativa de idosos com deficiência intelectual em 32,6%, sendo essa porcentagem majoritariamente constituída por mulheres, indivíduos entre 50-64 anos de idade e grau severo de DI. Observou-se, ainda, que a presença de epilepsia é um importante fator para a autopercepção da qualidade de vida como média ou ruim.