A população carcerária brasileira ultrapassou, em 2014, um contingente de 622 mil indivíduos. Destes, a maioria é jovem (55,07% tem até 29 anos) negra (61,67%) com baixa escolaridade (somente 9,5% concluíram o ensino médio). A situação de encarceramento desses indivíduos desencadeia inúmeros riscos, principalmente àqueles relacionados à usurpação do bem-estar físico, mental e social. As condições de confinamento determinam a vulnerabilidade desta população; situações de superlotação, precarização da higiene pessoal e da limpeza do ambiente, disseminação de doenças, uso de drogas e violência entre os presos são comuns. É sabido que, nessas situações, as doenças parasitárias, a tuberculose e a síndrome da imunodeficiência adquirida apresentam crescentes e sustentadas incidências e prevalências. Além disso, o isolamento por qual o indivíduo em restrição da liberdade passa, desencadeia a ruptura dos vínculos sociais e apresenta-se como um amplo fator de desenvolvimento de quadros de desequilíbrio mental. Nesse contexto, percebe-se que sistema penitenciário brasileiro apresenta inúmeras divergências quando comparado ao processo de ressocialização que deveria implantar e, na maioria das vezes, é construído por ações de exclusão social e violação de direitos civis.