INTRODUÇÃO: A sífilis congênita é uma doença infectocontagiosa de notificação compulsória, considerada evento sentinela da qualidade da assistência pré-natal e responsável por desfechos desfavoráveis como óbito fetal ou perinatal, prematuridade, baixo peso ao nascer, lesões neurológicas e outras sequelas, bem como importantes custos diretos e indiretos em saúde pública. A triagem sorológica no pré-natal é uma medida eficaz e o tratamento com penicilina é efetivo, barato e facilmente disponível (PHISKE, 2014). No mundo, cerca de 2 milhões de gestantes são infectadas pela sífilis a cada ano. A maioria das ges¬tantes não realiza o teste para sífilis, e as que o fazem não são tratadas adequadamente ou sequer recebem tratamento. Aproximadamente 50% das gestantes não tratadas ou inadequadamente tratadas podem transmitir a doença ao concepto, levando a resultados adversos como morte fetal, morte neonatal, prematuridade, baixo peso ao nascer ou infecção congênita (WHO, 2014).
OBJETIVO: Realizar uma revisão de literatura acerca da sífilis na gestação e identificar os fatores associados a sífilis congênita.
MÉTODOS: Constitui de uma revisão literária, realizada entre março e abril de 2017 na plataforma científica Scielo, que abordava a temática pré-determinada. Onde foram selecionados quinze artigos para a análise e construção deste trabalho, obedecendo os seguintes critérios de inclusão: ter sido publicado há no mínimo cinco anos, apresentar linguagem clara, ser objetivo e fazer uso da temática pré-estabelecida para a construção deste resumo estendido.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: A doença é classificada, de acordo com suas diferentes vias de transmissão, em sífilis adquirida e sífilis congênita. Na sífilis adquirida a transmissão é sexual, sendo o contágio extragenital raro. A transmissão sexual da sífilis é excepcional, havendo poucos casos por transfusões de sangue e por inoculação acidental. Já a sífilis congênita é o resultado da disseminação hematogênica do T. pallidum da gestante infectada não tratada ou inadequadamente tratada para o concepto por via transplacentária (transmissão vertical). Quando não tratada adequadamente, a doença pode evoluir atingindo diferentes fases: primária, secundária e terciária (BRASIL, 2010). A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS, 2012) es¬tima que na América Latina e Caribe, 330.000 gestantes soropositivas para sífilis não recebam o tratamento para a doença durante as consultas de pré-natal a cada ano, e que dois terços dos casos de sífilis em gestantes resultem em sífilis congênita. Nos países da região, a cobertura do diagnóstico da sífilis nas gestantes que realizaram o pré-natal no ano de 2010 foi de apenas 61%.
CONSIDERAÇÕES FINAIS: A sífilis congênita é uma doença prevenível e de diagnóstico e tratamento simples, sendo evento-sentinela da qualidade da assistência pré-natal do país. O seu diagnóstico para a maioria das mulheres, resulta em sentimentos negativos e receio de serem alvo de preconceito e abandono por parte do parceiro sexual e da sociedade, podendo acarretar alterações emocionais e psicológicas. A carência de informações acerca da sífilis por parte da grande maioria das gestantes atendidas pela atenção básica é um fator que contribui muito para o abandono ao tratamento.