FILHO, Jose Marcos Da Silva et al.. Estratégias de enfretamento de problemas na velhice. Anais III CIEH... Campina Grande: Realize Editora, 2013. Disponível em: <https://editorarealize.com.br/artigo/visualizar/2748>. Acesso em: 22/11/2024 20:03
Os idosos apresentam uma variabilidade das formas de enfrentamento, pois estão expostos a diferentes situações sociais e pessoais. Os mecanismos de enfrentamento funcionam como amortecedores dos efeitos de eventos estressantes. Segundo Lazarus e Folkman, o estresse é resultado da relação entre a pessoa e o ambiente. O termo coping/enfretamento alude ao conjunto de esforços cognitivos e comportamentais, utilizado pelos indivíduos objetivando lidar com demandas específicas, protegendo-os de aspectos ameaçadores ao seu bem-estar. As estratégias de enfretamento são classificadas em: focalizada na emoção e no problema. O primeiro objetiva alterar o estado emocional, buscando reduzir a sensação física desagradável do estresse. O segundo procura alterar a dificuldade existente na relação entre as pessoas e o ambiente. Outras estratégias de enfretamento são a busca de suporte social, religiosidade e distração. Objetivou-se averiguar as estratégias de enfrentamento mais recorrentes dos idosos e sua correlação com as variáveis sociodemográficas. O estudo foi realizado por conglomerado na cidade de Campina Grande- PB, constituído por uma amostra de 381 idosos, de ambos os sexos, com idade a partir de 60 anos, que pontuaram acima do ponto de corte no Mini-Exame do Estado Mental (MEEM). Utilizou-se a Escala de Modo de Enfrentamento de Problemas (EMEP), constituída por 45 itens distribuídos em quatro fatores: enfrentamento focalizado no problema (18 itens, alpha=0,84); enfrentamento focalizado na emoção (15 itens, alpha=0,81); busca de práticas religiosas e pensamentos fantasiosos (7 itens, alpha =0,74) e busca de suporte social (5 itens, alpha=0,70). As respostas são dadas em escala Likert de cinco pontos(1 = Eu nunca faço isso; 5 = Eu faço isso sempre). Por fim, utilizou-se um questionário sociodemográfico. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB). Houve prevalência do sexo feminino (73,5%), a idade variou de 60 a 96 anos (M=71,50;DP=8,0). A maioria era casada ou vivia com companheiro (44,1%). Quanto à escolaridade 53,3% declararam ter alcançado o ensino fundamental, 12,3% o ensino médio, 10,5 % o ensino superior e 21,8% disseram nunca ter ido à escola. Constatou-se que a maioria era católica (71,9%), religiosa (58,8%), possuía residência própria (75,9%), renda mensal pessoal de até um salário mínimo (60,8%) e era chefe de família (65,1%). Quanto à descendência, 92,7% declararam ter tido pelo menos um filho (M=6,39; DP=9,23). Quanto ao arranjo familiar 63% declarou morar com filhos. No que alude o (EMEP), a estratégia que busca práticas religiosas e pensamentos fantasiosos foi mais recorrente (M=4,06;DP=0,71), seguidos de enfrentamento focalizado no problema (M=3,80;DP=0,66), suporte social (M=3; DP=0,87), e enfrentamento focalizado na emoção (M=2,20; DP=0,65). Houve diferença significativa entre as médias dos fatores do EMEP (p<0,001). Referindo-se a correlação do EMEP com o sociodemográfico, os dados apontaram uma diferença significativa em relação ao sexo e a estratégia de enfrentamento voltada para práticas religiosas/pensamento fantasioso, indicando que as mulheres (M=4,16;DP=0,60) utilizavam essa estratégia com maior frequência que os homens (M=3,78;DP=0,89) [t (381) = -4,70;p < 0,001]. A estratégia focalizada no problema foi mais recorrente, porém apenas a estratégia de práticas religiosas/pensamento fantasioso apresentou correlação com o sexo.