O artigo se refere às repercussões que as avaliações de larga escala, notadamente o Exame
Nacional de Ensino Médio – ENEM, vêm produzindo sobre o ensino médio no Estado do
Maranhão, especificamente no município de São Luís, com o objetivo de verificar quais os
principais impactos desse modelo avaliativo sobre a escola média. O ENEM, considerado a
maior avaliação nessa modalidade na América Latina, avalia quatro áreas (linguagens,
códigos e suas tecnologias; ciências humanas e suas tecnologias; ciências da natureza e suas
tecnologias; e matemática e suas tecnologias) e é tido pelo Governo Federal como um dos
grandes responsáveis por definir prioridades e servir de base para a elaboração de novas
políticas educacionais, além de favorecer a que pais, alunos, professores, estudantes, diretores
e gestores das redes de ensino sejam alertados quanto aos desafios e dificuldades de cada
região. Essa avaliação é realizada com o objetivo de verificar o desempenho do aluno ao
término da escolaridade básica, aferindo o desenvolvimento de competências fundamentais ao
exercício pleno da cidadania. A orientação é que, a partir do Enem, tendo como ponto de
partida o seu desempenho individual, cada escola seja capaz de avaliar o seu trabalho e
planejar ações que levem a melhorias no processo ensino-aprendizagem. Com a realização
desta pesquisa, de natureza bibliográfica, documental e de campo, foi possível apreender,
como resultados, que, a partir da década de 1990, as políticas educacionais instituídas no
Brasil, apresentaram como ponto central a implementação das avaliações externas ou de larga
escala, as quais passaram a assumir uma importância estratégica para a educação, como forma
de aferir os dados e as informações consideradas relevantes para a (re)definição e gestão das
políticas educacionais. Nessa perspectiva, cabe destacar que o ENEM se insere, nesse
contexto, como parte de um conjunto de reformas no campo educacional e, de forma mais
ampla, de reformas do Estado brasileiro. Constatou-se, no âmbito dessa pesquisa, uma
crescente exigência para que os professores passem a atuar cada vez mais focados nos
resultados dos exames, em detrimento do próprio processo educacional, favorecendo um
controle central do mesmo, com reflexos sobre a atividade docente, dado que as avaliações
em larga escala dificultam que se faça qualquer ligação concreta com a realidade cotidiana
dos estudantes, das escolas, das regiões e dos diversos estados brasileiros, na contramão dos
objetivos pedagógicos das avaliações e contrariando os princípios em prol de uma educação
emancipadora, desconsiderando, ainda, a histórica desvalorização do magistério, configurada
por meio de baixos salários, más condições de trabalho, ausência de um plano de cargos e
carreira, formação inicial e continuada extremamente precária, o que, de acordo com a
política atual, tende a ser vista, cada vez mais como responsabilidade do trabalhador, em
detrimento do poder público.