Este artigo pretende analisar a representação social e a identidade do nordeste e do sertão semiárido em 2015, a partir da série de reportagem especial “O Quinze: travessia” apresentada em dezembro do mesmo ano, no Jornal Nacional, veiculada na rede Globo. A série foi inspirada na obra “O Quinze”, de Rachel de Queiroz, e faz uma relação entre a seca de 1915 retratada no livro, e os efeitos do mesmo fenômeno climático após cem anos. A imagem estereotipada, construída a partir do período de estiagem, onde as chuvas são escassas, se perpetuou como única “estação” presente durante todo o ano, como se no nordeste, não existisse mais nada, além da seca. Desconstruir essa representação social imagética, referente ao sertão nordestino, mais especificamente do sertão semiárido, não é fácil, pois, até mesmo as mídias, que têm a função de difundir informações verídicas com criticidade, ficam presas a esses signos, reforçando ainda mais a ideia de sertão vazio, pobre e de dor. Partindo desse pressuposto analisaremos o discurso-imagético da reportagem e a relação entre o jornalismo e a literatura, que permite que o repórter tenha a liberdade de utilizar a sua percepção, seu olhar em torno do objetivo de sua matéria, tornando a reportagem subjetiva, mas neste caso, mostrando que a ideia do sertão semiárido, miserável, seco e arcaico continua sendo veiculada pelas mídias. Para isso, nos embasamos nos estudos de Durval Muniz de Albuquerque Júnior, Antônio Olinto, Serge Moscovici, Denise Jodelet, Stuart Hall, Luzineide Carvalho, dentre outras referências que colaboraram para a construção desta pesquisa.