RESUMO
Este artigo aborda a pesquisa em estudos culturais, tendo a oralidade enquanto forma de transmissão de rituais e conhecimentos ancestrais praticados nos terreiros de candomblé do bairro Quidé da Juazeiro-Bahia, um elemento de manutenção da memória coletiva do povo negro nessa região do semi-árido baiano. Tendo a oralidade como mecanismo disseminador da memória, cultura e identidade dos povos afro-brasileiros e africanos, sigo considerando os conceitos de cultura em Geertz(2008), a diáspora africana e as mediações em Hall (2003), a produção cultural na mesma diáspora em que Gilroy enfatiza o seu caráter de desterritorialização e as experiências de trocas simbólicas. Estudamos a constituição das religiões de matriz africana em Bastide (2003) Beniste (2002) e Caputo (2012), buscando nas interações orais a forma de transmissão e reagregação de conhecimentos ancestrais e identidades dos que chegando às Américas foram segregados de seus familiares, vizinhos e parentes. Encontrando na continuidade e preservação dos cultos de matriz africana como resistência ao aculturamento imposto neste novo mundo pelo regime opressor do homem branco/europeu caucasiano e cristão. Salientamos o valor da palavra falada para os povos africanos, considerando o modo de transmissão oral um veículo potencializador da manutenção da memória ancestral, e assim, da história do povo negro, resultado de inúmeros processos e fluxos de desintegração/ interação/ressignificação, no Quidé, em Juazeiro – Bahia, e nesse território.
PALAVRAS-CHAVE: África. Identidades. Memória Ancestral. Oralidade.