A aglutinação, processo de formação de palavras, está sendo definida através dos campos fonológicos e morfológicos. Na nossa concepção, observá-la estritamente por esses prismas resume sua potencialidade constitutiva, assim como não abrange algumas de suas nuances, visto que são marginalizados os fatos discursivos, próprios da língua. Considerando as sugestões de mudança advindas com o surgimento dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) no concernente ao ensino do português, o artigo aqui proposto teve como objetivo geral mostrar outro olhar, segundo a teoria bakhtiniana, sobre a aglutinação, associando-a ao campo sintático da Língua Portuguesa. Para tanto, foram analisados cem artigos jornalísticos, pesquisados nos CDs ROM Folha Edição (99 e 2000) e em construções auxiliares (enunciados diversos). Com base nessa análise, constatou-se que a aglutinação sintático-semântico-discursiva é um processo de origem enunciativa delineado socialmente, configurando-se a partir do diálogo entre interlocutores. Esse fenômeno se realiza através de um lugar, que pode ser preenchido no plano da organicidade (sintaxe) ou simplesmente ocultado (efeito de sentido), entretanto, perceptível no plano do enunciável, possibilitando a construção de um saber de entremeio. Saber esse que se pauta na relação entre o linguístico e o discursivo, assim como assinalou Dias (2010). Com isso, foi apresentada às definições de aglutinação, existentes nas gramáticas, que permeiam nossos circuitos de aprendizagem, uma alternativa teórica discursiva, ampliando o horizonte conceitual desse instigante fenômeno.