Apesar dos avanços técnicos e legislativos a respeito da deficiência visual, atitudes de exclusão social e isolamento permanecem como práticas rotineiras. Por sua vez, essa realidade passa a interferir nos ajustamentos sociais e saúde mental dos que apresentam uma diversidade sensorial na visão, em contramão aos rumos por uma sociedade inclusiva. Sendo assim, o presente artigo objetiva conhecer e analisar a determinação social da cultura e valores sociais no cotidiano de sujeitos com deficiência visual, e seus modos de enfrentamento particulares, e os reflexos sobre a saúde mental dos mesmos. Trata-se de uma pesquisa descritiva e exploratória, com abordagem qualitativa, ocorrida no ambulatório de oftalmologia do Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL), na cidade de Natal/RN, por meio de entrevistas semiestruturadas. Foram contemplados 16 adultos com acentuado grau de acometimento visual, caracterizando o quadro de deficiência visual. Os resultados demonstram que processos de normalização e estigmatização perduram espessando o caule do preconceito numa sociedade que dita regras de beleza e perfeição, ao se distanciar da realidade concreta da diversidade dos seres. Com isso, os sujeitos com deficiência visual experimentam na vida um novo modo de viver marcado por graus variados de comprometimento na saúde mental, desafiando-se a soerguer novas normas de vida. Deste modo, a dificuldade de aceitação da deficiência visual pode trazer obstáculos a uma sociedade inclusiva, uma vez que sua construção é um processo mútuo, que envolve os diversos atores sociais, deficientes ou não, como também, o meio que os cercam. A partir disso, delineia-se a configuração de contingências favorecedoras ou desfavorecedoras no desenvolvimento das potencialidades humanas próprias de cada um.