A Educação do Campo deve ser compreendida como fenômeno social, seu desenvolvimento se dá a partir dos movimentos sociais, buscando a consolidação dos valores, princípios e dos modos de ser e viver daqueles e daquelas que integram o campo. Nesse cenário, encontram-se os remanescentes quilombolas, como grupos étnicos – predominantemente constituídos pela população negra rural. Do ponto de vista da educação formal, essas comunidades se organizam preocupadas com a orientação, a formação e com a aprendizagem de suas crianças. Nesse contexto dispõem de organizações escolares, constituídas de classes multisseriadas. Este trabalho foi elaborado tendo como base a pesquisa de mestrado profissional, intitulada Ensino de Ciências no contexto escolar quilombola: saberes e práticas sobre educação e saúde. Para este momento específico têm como objetivos apresentar e analisar aspectos da prática pedagógica de duas professoras que atuam em classes multisseriadas, em uma escola localizada na Comunidade Quilombola Guajará Mirim, no Pará, destacando-se o ensino de ciências e as vivências, os saberes dos quilombolas. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, fundamentada em estudos da área da educação do campo, do ensino de ciências e da formação de professores. Para a construção dos dados foram realizadas atividades de observações, oficinas pedagógicas e roda de conversas. Após a sistematização e análise dos dados obteve-se como resultados professoras mais conscientes de seus papeis sociais, reconhecendo que há necessidade de rever aspectos de suas práticas, principalmente no que se refere ao ensino de ciências nos anos iniciais do ensino fundamental e significativas aprendizagens de crianças em classes multisseriadas. Ficou evidente o quão é importante ouvir os quilombolas, dialogar com eles e aprender sobre suas histórias, seus saberes, suas culturas, assim como inserí-los no ambiente escolar e tê-los como colaboradores nos processos de ensinar e aprender.