O mapeamento participativo é uma ferramenta de transformação social e pode ser entendida como a apropriação de técnicas e o modo de representação cartográfica por comunidades tradicionais. Este trabalho apresenta o mapeamento participativo realizado em comunidades tradicionais vinculados a pesca artesanal da Baía de Sepetiba sobre os conflitos socioambientais. A Baía de Sepetiba é formada por ecossistemas de mangue, restinga e remanescente de mata atlântica. É uma região que é impactada pela poluição proveniente das áreas urbanas e rurais da bacia hidrográfica do Rio Guandu, pelas atividades industriais, portuárias e turísticas. Foi realizado o mapeamento participativo dos conflitos socioambientais através de técnicas da cartografia social com os representantes da Associação de Pescadores e Lavradores da ILHA da madeira – APLIM (em 2022 e 2023), na Associação de Pescadores Aquicultores da Pedra de Guaratiba - APAPG (em 2022 e 2024), e na Associação da Comunidade dos Remanescentes de Quilombo da Ilha da Marambaia – ARQIMAR (em 2022). Os principais conflitos indicados e mapeados foram: pesca industrial, atividades industriais vinculadas às empresas petrolíferas e naval; áreas de exclusão de pesca; degradação e poluição ambiental, principalmente em decorrência do esgoto proveniente da região metropolitana do Rio de Janeiro, assim como pelas atividades industriais. Através do mapeamento foi possível o reconhecimento dos conflitos e da luta das comunidades tradicionais, como instrumento político.