Ao longo do último século a frequência e a magnitude de desastres socioambientais tem aumentado de forma significativa. Na região Serrana do Estado do Rio de Janeiro, o desastre ocorrido em janeiro de 2011 é, ainda hoje, marcante por seus impactos e consequências na vida da população local. Entre as consequências desse evento extremo, destaca-se o reassentamento da população afetada, o que foi realizado através da construção de um grande conjunto habitacional no município: o Terra Nova. Considerando os desafios que os residentes do conjunto vêm enfrentando desde o evento de 2011, este trabalho objetiva investigar e discutir o processo a que foram submetidos os afetados desde o momento do desastre, assim como avaliar a política de reassentamento aplicada, como subsídio ao aprimoramento de políticas públicas de gestão de risco de desastres. Para isso, foram aplicados questionários aos moradores do conjunto, em duas etapas de pesquisa, primeiramente em 2017 e posteriormente em 2022. A análise das informações obtidas nas duas etapas de pesquisa permitiu inferir a rápida evolução da insatisfação dos moradores com o novo local de moradia, associada a um avanço da precarização das estruturas construídas e falta de investimento em equipamentos urbanos necessários para a adaptação dos novos residentes. Além disso, a gestão emergencial improvisada no momento do desastre associada a sensação de abandono por parte do poder público no pós-desastre parece ter colaborado com a persistência e até mesmo com o aumento dos níveis de vulnerabilidade da população.