Os manguezais são afetados periodicamente por fenômenos naturais, como tempestades tropicais, geadas e raios. As perdas de manguezais podem ser atribuídas a múltiplos fatores em diferentes escalas, desde ameaças localizadas como de exploração de recursos até por ameaças globais de alterações climáticas. A interferência de eventos extremos nesse ecossistema vem sendo observada tanto pela abertura de clareiras quanto pela morte generalizada de florestas. A presente pesquisa visa identificar e analisar a dinâmica de clareiras originadas a partir da interferência de eventos extremos nos manguezais do Sistema Costeiro-Cananeia-Iguape, litoral sul de São Paulo, bem como monitorar sua recuperação. Para o mapeamento das clareiras, utilizaram-se imagens de satélites do Google Earth PRO e de alta resolução PlanetScope, para cálculo do Índice de Vegetação por Diferença Normalizada (NDVI). Também foram obtidos dados de estrutura vegetal da floresta de mangue. Entre 2009 e 2021, foram identificadas 154 clareiras nos manguezais da área de estudo. Embora nem todas sejam originadas por eventos climáticos, dentre as resultantes, constatou-se que há pelo menos dois padrões de configuração: causadas por raios e formadas pelo impacto de tempestades. A pesquisa evidenciou que eventos extremos têm resultado em abertura de clareiras nos manguezais do Sistema Costeiro Cananeia Iguape, sendo seu processo de recuperação muitas vezes complexos e não lineares, principalmente quando associadas a áreas já sob pressões ambientais, sejam elas antrópicas ou naturais. O monitoramento dos manguezais é essencial, especialmente sob a ameaça das alterações climáticas, que reforça a importância de estratégias de conservação para este ecossistema.