Seria o Brasil, parte da América, uma civilização intrinsecamente ligada à paisagem, considerando-se os quatro critérios definidos por Augustin Berque – palavra, literatura, pintura e jardim? Este artigo explora essa discussão, ampliando aos quatro critérios o entendimento da cosmovisão e visão de sacralidade, que identificam o que podemos chamar de “Paisagem Ameríndia”. Retornamos assim ao que caracteriza nossa paisagem mais pretérita, a dos ancestrais povos indígenas brasileiros, cujos vestígios de um passado distante, são registros de uma forma de viver, de se relacionar com a natureza e construir paisagens, mantidos em seu deslocamento no presente. Na busca exploratória desse entendimento, tomando-se como referência teóricos como Augustin Berque, Viveiros de Castro, Claude Lévi-Strauss, Carneiro da Cunha e Ailton Krenak, entre outros, parte-se para uma pesquisa documental, onde foram mapeadas as 40 Revistas do Patrimônio do Iphan (1937-2019) e identificadas 28 edições que tratam de questões indígenas no Brasil, das quais 18 foram analisadas pelos critérios de Berque, confirmando o início do processo de compreensão dos vestígios reveladores de uma Paisagem Ameríndia.