A formação inicial do educador de pessoas jovens, adultas e idosas está em construção e, mesmo existindo uma consistente literatura científica dedicando-se ao assunto, ainda não está estabelecido em normativas oficiais um perfil acerca da identidade desse profissional. O presente relato de experiência tem por objetivo descrever práticas pedagógicas de flexibilizações temporais e espaciais em uma turma de Educação de Jovens e Adultos (EJA), relacionando-as com elementos formativos que podem contribuir com a constituição de uma formação docente específica para essa modalidade de ensino. Com base em experiências vivenciadas em uma escola-campo do Núcleo da Educação de Jovens e Adultos do Programa de Residência Pedagógica (PRP) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), esperamos somar na difusão de práticas que ampliem as possibilidades de acesso, permanência e êxito escolar dessas pessoas alijadas do direito à educação que, por terem modos variados de produção existencial, necessitam de pedagogias diferenciadas, conforme perspectivas teóricas que advogam por uma educação libertadora e dialógica, para usufruírem do direito constitucionalmente garantido. Constatamos a necessidade de qualificar a formação desse educador com vistas a alinhar seu percurso acadêmico-profissional com as possibilidades de atuação em contextos sociais diversificados. Por fim, espera-se que, cada vez mais, os sistemas educacionais possam adequar seus modelos de oferta da EJA às condições de vida concretas dos sujeitos negados do direito à educação, assegurando, inclusive, a presença e boas condições de trabalho a educadores especializados visando que eles consigam lidar com as complexidades que permeiam essa modalidade.