Embora competitivo com o óleo diesel sob diversos aspectos, o biodiesel apresenta alguns entraves técnicos referentes às propriedades de fluxo a frio e à estabilidade à oxidação. As características estruturais dos ésteres graxos que compõem o biodiesel, tais como comprimento de cadeia carbônica e grau de saturação, contribuem para as propriedades globais do biocombustível. Espécies saturadas presentes no biodiesel contribuem para elevar a estabilidade do mesmo. No entanto, elas não apresentam boas propriedades de fluxo, restringindo a utilização do combustível em condições de baixa temperatura. Por sua vez, ésteres graxos insaturados contribuem favoravelmente para as propriedades de fluxo, mas não apresentam boa estabilidade termoxidativa. Dessa forma, é evidente a necessidade de haver uma proporção de equilíbrio entre os componentes saturados e insaturados, de maneira a obter um biocombustível que atenda às normas de qualidade vigentes. Nesse contexto, apresenta-se um estudo sobre a influência da composição química dos óleos de soja e dendê sobre o biodiesel obtido desses óleos e de misturas dos mesmos. As propriedades dos biodieseis aqui avaliadas foram viscosidade cinemática, ponto de entupimento de filtro a frio e estabilidade à oxidação. Os dados revelaram que a utilização de misturas de óleos, definidas em função dos seus perfis de ácidos graxos, resultou em uma melhora considerável da estabilidade oxidativa do biodiesel de soja e da fluidez do biodiesel de dendê, mostrando que a mistura previamente definida de diferentes oleaginosas pode ser uma ferramenta poderosa para a produção de biodiesel de qualidade e a eventual eliminação do uso de aditivos.