Iniciando-se em março de 2020, os lockdowns causados pela pandemia de SARS-CoV-19 foram impactantes em vários setores da vida humana. Contudo, na educação, principalmente no Brasil, a pandemia foi responsável por destacar diversos elementos da desigualdade social e mostrar como as condições de vida das classes populares são responsáveis por determinar as suas experiências no dia-a-dia. No estado da Bahia, o período de ensino não-presencial foi marcado por uma série de falhas e um cenário de verdadeiro desamparo aos estudantes da rede pública, que passaram o período de um ano sem nenhum tipo de ação efetiva de reparação de danos educacionais. Com a manutenção da data do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) e o posicionamento do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa (INEP) de manter o exame neste ano, os estudantes concluintes da rede pública do estado foram postos em uma posição de total incerteza mediante a falta de acompanhamento e preparação, colocados em condições de desnível de aprendizagem com aqueles que nunca pararam de ter suas atividades letivas em funcionamento. Nesse contexto emergem cursinhos populares remotos em todo país que, durante o período da pandemia, foram fonte única de estudo para muitos. Este trabalho visa realizar um estudo de caso sobre o pré-vestibular popular “República Pré-Universitária”, criado por estudantes universitários da Bahia que, através de uma perspectiva de base freiriana, realizou a preparação de cerca de 20 estudantes de redes públicas de ensino para o ENEM 2020 conseguindo, ao final de seus trabalhos, auxiliar na entrada ou aprovação de alguns destes em instituições de ensino superior de todo o país. Também é interesse deste trabalho investigar as abordagens que diferenciaram esta experiência de outras, assim como versar brevemente sobre a educação pública na Bahia durante o período pandêmico, refletindo a partir de autores como Boaventura Santos e outros.