O presente artigo possui o objetivo de elencar e discutir as etnomatemáticas existentes no processo de construção de embarcações artesanais de mestres carpinteiros do Centro Vocacional Estaleiro Escola, em São Luís – MA. Há na Etnomatemática a compreensão de que a matemática não é única, mas sim apresentada em diversos moldes para atender às necessidades dos mais distintos grupos presentes na história da humanidade. Assim, esta pesquisa utilizou-se de seus preceitos teóricos, de modo a permitir uma melhor análise das práticas matemáticas presentes, muitas vezes de maneira intrínseca, no processo construtivo destas embarcações, buscando valorizar tais conhecimentos vindos de saberes tradicionais repassados de mestre a aprendiz durante gerações desde a formação do estado do Maranhão. A pesquisa originadora deste artigo utilizou de uma abordagem qualitativa através de uma pesquisa participante, reconhecendo a impossibilidade de se tornar a pesquisa completamente neutra, visando uma produção de conhecimento que não se isole do mundo real e utilizando como técnica de coleta de dados entrevistas semiestruturadas. Como resultados, foi possível perceber a riqueza matemática que há nesta prática tão importante para a história do Maranhão. Nota-se a complexidade de conhecimentos exigidos para garantir uma embarcação segura em contraste com a naturalidade em que a construção é realizada, reafirmando o quão valioso é esta forma de conhecimento apresentada de maneira informal e muitas vezes desvalorizada.