SOUSA, Maria Helena Da Silva De et al.. Rádio: ferramenta inclusiva para o povo do campo. Anais I CONEDU... Campina Grande: Realize Editora, 2014. Disponível em: <http://editorarealize.com.br/artigo/visualizar/7871>. Acesso em: 27/11/2024 21:21
A comunicação rural é reconhecidamente um processo educativo que pode contribuir para minimizar o avanço da degradação ambiental no campo, pois, como proposta inclusiva e democrática, está interligada à formação cidadã e ao direito dos sujeitos sociais. O uso do rádio pode auxiliar os agricultores a tomar decisões sobre a produção agrícola, aproximando os diversos setores da sociedade, apresentando não apenas novas tecnologias e possibilidades, mas questões de sustentabilidade, administração da propriedade rural, melhoria da qualidade de vida no campo, preservação ambiental, entre outros fatores que também contribuem para a produtividade agrícola e geração de cidadania ativa no meio rural. O trabalho objetiva apresentar o Programa Matutando Agroecologia nas Ondas do Rádio, veiculado em dois municípios do Cariri paraibano e conduzido por acadêmicos do CDSA/UFCG. O programa tem formato descontraído e informal, como numa prosa, com tema definido no início, com vinhetas e música regional. São apresentadas entrevistas, histórias, receitas e notícias com programação local/regional e discutidos temas científicos numa linguagem simples, para aproximação das comunidades científica e rural. Os textos são elaborados pelos acadêmicos, supervisionados pela coordenação geral do Programa. São realizadas pesquisas em artigos, livros, revistas e sites das diversas áreas temáticas, além da realização de entrevistas nas feiras e nas comunidades rurais. Todo o material é pensado de forma a possibilitar a assimilação e o entendimento da mensagem, para isso busca-se prosear no rádio com os agricultores, de forma que a mensagem seja ouvida e entendida, num processo de interação, de participação para favorecer a criação de um elo comunicativo. Em sua terceira edição o Matutando continua socializando os saberes científicos com o povo do campo, num estilo de conversa ao pé do rádio, abordando temas como manejo agroecológico do solo, tecnologias sociais, práticas conservacionistas, além de apresentar entrevistas com personalidades da região, dos movimentos sociais e da cultura local. Nesses três anos de existência do programa, é possível concluir que os objetivos têm sido alcançando, obtendo grandes resultados que são difíceis de quantificar, devido a grande abrangência das pessoas que recebem a informação transmitida, ressaltando assim a importância da extensão rural universitária. A audiência do programa é alta, o que sugere que o Programa rural exerce uma grande identificação, não apenas pelas informações trazidas, mas pela identificação e socialização que promove. Agricultores sentem-se parte de um grupo social, que tem em comum um modo de vida, o camponês, que é representado no Programa. É possível anotar o sentimento de pertencimento e de empatia que se têm estabelecido a partir da veiculação do programa Matutando, o que tem direcionado as buscas por textos e notícias cada vez mais interessantes e apropriados a realidade. Certamente, o futuro da democracia dependerá da possibilidade que tenham os cidadãos de participar ativamente e com conhecimento dos diversos processos políticos, sociais e econômicos, e, o rádio, enquanto meio de difusão dessas falas, nas comunidades, torna-se um elemento fundamental convertendo-se em instrumento dinâmico e agente de transformação social.