A sociedade vive uma “crise de identidade”, onde o conceito de gênero não goza de situação inabalável. Assume-se, entretanto, que nos grupos sociais existem demarcações bem definidas entre as fronteiras do que são “coisas de meninos” e “coisas de meninas”. O processo de tornar-se “homem” ou “mulher” é sustentado e regulado por relações de poder e conhecimento, que podem ser estabelecidas através de um olhar disciplinador que crianças exercem sobre outras crianças. Observou-se, em contraponto, que em uma escola pública estadual de Joinville, SC, meninos que praticam Balé interagem amplamente com todos os seus colegas, tanto meninos quanto meninas, o que contradiz o exposto acima. Tecem-se algumas considerações sobre identidade de gênero; “estranhamento” de gênero e de currículo, com aportes da Teoria Queer, de modo a possibilitar a contextualização desse fato. Por fim, elabora-se um relato e uma análise a respeito dos fatos observados nessa escola, com base em observações diretas e indiretas e fundamentado na base teórica existente.