O presente artigo se constitui enquanto um recorte da pesquisa concluída em 2016, que investigou o processo de fechamento das escolas do campo do município de Itapejara D’Oeste, Estado do Paraná. A pesquisa fundamenta-se pela abordagem qualitativa de análise dialética das questões investigadas, das informações ou dados correspondentes a partir da tipologia metodológica de estudo de caso, utilizando-se de entrevistas semiestruturadas e análise documental. Seu objetivo geral foi analisar o processo de fechamento e tentativas de fechamento das duas únicas escolas com oferta dos anos finais do Ensino Fundamental no campo em Itapejara D’Oeste. Entre os resultados da pesquisa evidenciou-se o papel determinante da oferta e organização do transporte escolar para o fechamento e tentativas de fechamento das escolas no campo ocorridos a partir da década de 1990 até a atualidade no município. Historicamente os poderes públicos tem tomado suas decisões relacionadas à educação pautando-se em uma visão apenas economicista com o intuito de conter gastos, visão esta que tem como pano de fundo as políticas neoliberais que estabelecem um estado mínimo para os serviços sociais, entre eles a educação. A pesquisa realizada salienta que os processos de fechamento de escolas no campo têm reforçado o descaso histórico com a educação dos povos do campo. Destaca também que as resistências dos poderes públicos locais em realizar mudanças no transporte escolar direcionando os estudantes das proximidades das escolas no campo para estas instituições escolares, além de desrespeitar dispositivos legais, também reforçam a negação ou a invisibilidade dos povos do campo enquanto sujeitos de direitos, portadores de cultura, conhecimento e de um modo específico de viver e trabalhar.