A violação dos direitos humanos tem se tornado algo cada vez mais comum nas sociedades contemporâneas, mas, em nosso país chama atenção principalmente os casos que os envolvem questões de gênero. Embora os direitos humanos, a própria Constituição Federal e outros registros legais resguardem a total igualdade entre as pessoas, na prática o quadro mostra-se controverso, pois no âmbito privado quanto no público parece desafiador, em termos de sexualidade, lidar com o ‘diferente’. Destaca-se tal termo porque no contexto que analisamos o diferente não necessariamente é o desigual. Observa-se que os casos que tendem a diferir do padrão aceito geralmente são vítimas de atos de violência. Como pano de fundo, nota-se que isso decorre em parte da difusão de valores conservadores recebidos por configurações familiares ainda tradicionais (voltados a heterossexualidade) e especialmente de imperativos morais e doutrinários das religiões, sobretudo as cristãs. Tudo isso denota que a relação direitos humanos/ questão de gênero e religião continua permeada por tensões. Entende-se que nesse cenário quem é capaz de oportunizar mudanças e refletir sobre tais dilemas é a educação. A educação, por meio de uma prática pedagógica fecunda, possibilita a desconstrução e reconstrução de modos de ver o outro. Volta-se a ela a preocupação com a formação integral do sujeito humano (sujeito histórico, cultural, social, político, religioso, etc.). É a prática pedagógica que nos coloca no horizonte da diversidade e da alteridade. A proposta da reflexão parece-nos demasiadamente desafiadora. Compreender como se estabelece a relação de três temáticas complexas e polêmicas como essas, por si só, já denota a realização de uma tarefa abissal; abissal, pois, a própria definição de cada uma delas mostra-se polissêmica e polimorfa ao longo da história.O caminho possível que permite que enxerguemos a realidade de um modo diferente ainda é a educação, todavia, cumpre-se enfatizar, uma educação apartidária, livre, que não ratifique o preconceito, nem as injustiças.