O presente artigo tem por objetivo realizar uma discussão teórica acerca da implicação do pesquisador enquanto gente na produção de uma pesquisa científica e, ainda que de forma introdutória, problematizar os processos constitutivos do sujeito enquanto integrantes dos resultados da pesquisa. Com o advento da modernidade, o desejo de ruptura com o modelo hegemônico de produção do conhecimento e compreensão dos fenômenos instaurado durante a vigência do modo produtivo anterior, aponta para a superação do forte apelo metafísico para explicação da realidade, apontando para a forma de apreensão dos fenômenos, com fulcro na racionalidade, mediante o método experimental matemático das ciências exatas e anseios de neutralidade do pesquisador em relação ao objeto enquanto única forma possível de produzir conhecimentos verdadeiros. A cisão com o positivismo e acesso à outras epistemologias permitiu a compreensão da necessária implicação do pesquisador no fazer da pesquisa, posto que o conhecimento por ele construído está indissociavelmente perpassado por todos os pressupostos, teorias e métodos por ele adotados, e por todo o campo de significado possível na relação de comunicação com os pesquisados. Este trabalho pretende dar conta de problematizar as possibilidades derivadas da ruptura daquela hegemonia e para isso, são discutidos os seguintes tópicos: os sujeitos no processo de pesquisa, e o processo de construção dos dados no encontro entre pesquisador e pesquisados. Percebe-se, portanto, que há intencionalidade pessoal no fazer pesquisa e que o arcabouço teórico e metodológico, bem como os pressupostos epistemológicos que fundamentam o pensar do pesquisador, influenciam diretamente a produção do conhecimento e os rumos que sua pesquisa toma.