O câncer é uma patologia que se caracteriza por um crescimento desordenado de uma população de células que escapam da regulação normal de crescimento, replicação e de diferenciação e que possuem a capacidade de invadir tecidos circundantes ou distantes. Essencialmente, as neoplasias resultam da função celular anormal, sendo estas anormalidades decorrentes de alterações na estrutura nucleotídica do DNA, conhecidas como mutações (WISEMAN, 2011). Está suficientemente documentado a estreita ligação entre microbiota intestinal e o maior risco para desenvolvimento de câncer colorretal. Do mesmo modo, sabe-se que uma microbiota saudável é dependente de uma dieta equilibrada que forneça ao intestino substratos capazes de promover a proliferação de bactérias benéficas, em detrimento de colônias patogênicas. Trata-se de uma revisão bibliográfica que foi conduzida a partir de pesquisas realizadas em livros, monografias, revistas e artigos científicos, publicados no período compreendido entre os anos de 2000 a 2016. A ligação entre desequilíbrio da microbiota intestinal e o desenvolvimento do câncer colorretal concentra-se na ideia de que agentes potencialmente carcinogênicos e agentes causadores de câncer de fonte não-alimentar, como tabaco, são bioativados por sistemas de enzimas das bactérias intestinais. Estas bioativações podem levar a ocorrência de câncer numa velocidade maior em intestinos com populações microbianas desequilibradas (MATHAI, 2002). O maior volume de massa fecal teria efeito diluente e o trânsito intestinal mais rápido reduziria o tempo de contato de carcinógenos com o epitélio. A ingestão diária de polissacarídeo não-amido (fibra prebiótica) aumenta o peso das fezes, onde ocorre relação inversa entre peso das fezes e incidência de câncer de cólon (MARQUES; WAITZBERG, 2000). Já os probióticos agem protegendo o hospedeiro contra a atividade carcinogênica, por meio de três mecanismos:
(1) os probióticos teriam capacidade de inibir as bactérias responsáveis por converter substâncias pré-carcinogênicas, como hidrocarbonetos policíclicos aromáticos e nitrosaminas, em carcinogênicos;
(2) inibição direta à formação de células tumorais e
(3) capacidade de ligação e/ou inativação carcinogênica (ORRHAGE et al, 1994; ROWLAND, 1998). As evidências científicas mostram-se favoráveis a utilização de prebióticos e probióticos no tratamento e prevenção do câncer colorretal. Com tudo, os estudos em humanos ainda são escassos, necessitando de mais estudos para uma prática terapêutica segura.