A gravidez no contexto do HIV/Aids suscita conflitos, desejo e temor, tanto para o casal que deseja engravidar, quanto para os profissionais de saúde envolvidos. Este estudo teve como objetivo compreender a dinâmica que envolve a reprodução em casais sorodiferentes para o HIV/Aids. Participaram 36 pessoas em relacionamento heterossexual e sorodiferente. Utilizou-se um questionário sociodemográfico e entrevista semi-estruturada, analisados, por estatísticas descritivas e Análise Categorial Temática. O cotidiano no casamento sorodiferente é permeado por sentimentos de medo do contágio e da necessidade permanente do cuidado. A maternidade, mesmo planejada, é assombrada pela possibilidade da transmissão vertical ou morte materna.Os médicos foram mencionados enquanto apoiadores do planejamento, diferentemente de estudos que identificaram profissionais de saúde não acolhedores quando mulheres expressavam o desejo de engravidar, gerando represálias e censuras.Em relação ao planejamento, algumas falas remeteram ao medo da transmissão vertical como causa para que o casal opte não ter filho, expressando o desejo somado à preocupação.Verificou-se um maior apoio dos setores da saúde, cuja escolha do casal tem sido não só aceita, como encorajada,apesar da saúde pública ainda não disponibilizar, de fato, um acesso eficaz e seguro para a reprodução nesse contexto.