O objetivo deste estudo foi identificar a percepção de afetividade e conflito nas díades familiares de idosos com o cônjuge/companheiro, os filhos e os netos e verificar as associações entre a percepção de alta afetividade com o sexo, a idade e a capacidade funcional. Participaram do estudo 134 idosos sem déficit cognitivo. Os dados foram coletados por entrevista domiciliar utilizando-se os instrumentos: a) Questionário sociodemográfico para avaliar a idade e o sexo; b) Índice de independência nas atividades básicas de vida diária; c) Escala de desempenho de atividades instrumentais de vida diária; d) Familiograma. Foi utilizado o teste qui-quadrado ou o teste de Exato de Fisher (na presença de valores esperados menores que 5) para comparar as variáveis categóricas (p<0,05). A idade dos participantes variou de 60 a 95 anos, sendo 77,6% do sexo feminino, 96,3% independente para as atividades básicas e 58,2% independente para instrumentais de vida diária. Nas díades familiares, a tipologia predominante foi alta afetividade e baixo conflito. A análise comparativa mostrou que no relacionamento com o cônjuge a percepção de alta afetividade foi mais frequente entre os homens e os idosos independentes; no relacionamento com os filhos a percepção de alta afetividade foi mais frequente entre as mulheres. Os dados mostram que embora a maioria dos idosos apresente a tipologia mais funcional de família, a dependência funcional de um membro idoso e o senso de sobrecarga relativo ao papel feminino põe em risco a percepção de afetividade nas díades familiares, especialmente quanto ao relacionamento conjugal.