Este artigo compõe parte de uma pesquisa em andamento, com registro no Departamento de Letras da UFPE, iniciada em 2022 dentro do Curso de Licenciatura em Letras/Libras, mais especificamente, como resultado de proposição da disciplina Letramento e Surdez, ministrada pelo orientador e coautor deste trabalho que, ao nos instigar para conhecer as estratégias de letramento desenvolvidas por pessoas surdas com boa fluência em língua portuguesa, nos levou a refletir sobre nosso trabalho como intérprete de Libras numa escola pública municipal da cidade de Moreno-PE. Lá atuamos há um ano acompanhando um aluno do 4o. ano do Ensino Fundamental, que apresenta um quadro de múltiplas deficiências além da surdez profunda. Nesse contexto os limites e orientações metodológicas que tradicionalmente amparam a carreira do tradutor/intérprete de língua de sinais (TILS) foram todos repensados na prática. Passamos a refletir sobre o lugar desse profissional no contexto educacional e compreendemos que o arcabouço legal que regulamenta essa profissão apresenta sérias lacunas que nossa experiência vem revelar. Momentos da prática docente, como avaliação e planejamento, por exemplo, sem a participação de TILS mostraram-se infrutíferas para a realidade descrita. Desse modo, compomos aqui um relato de experiência onde as ações de letramento em contexto inclusivo são o pano de fundo para a apresentação de novos métodos de abordagem educativa voltados para crianças com surdez e outras deficiências, onde se repensa o papel do TILS. Por esse caminho, tecemos uma construção teórica que se serve de algumas autoras que já conseguiram reunir esses três campos: da educação inclusiva, da tradução em língua de sinais e do letramento de surdos, a exemplo de Ana Cláudia Balieiro Lodi, Neiva de Aquino Albres e Aldrei Gesser.