Este trabalho pretende promover reflexões sobre a experiência de professores que atuam no Ensino de Ciências em Mato Grosso. Para promover a compreensão de tais vivências, adota a perspectiva teórica dos Estudos Culturais e dos Social Studies of Science. O estudo foi construído a partir de uma perspectiva metodológica qualitativa de natureza interpretativa. Os atores centrais foram os docentes de Instituições Públicas de Educação Superior do Estado (UFMT, UNEMAT, IFMT e UFR), de áreas como biologia, física, química, matemática ou ciência da computação. Os dados foram obtidos por meio de entrevistas semiestruturadas, executadas na plataforma Google Meet. Os docentes foram convidados a discorrer acerca de sua experiência profissional, suas concepções de ciência e educação e as condições sob as quais desempenham suas atividades pedagógicas e científicas. A análise das falas aponta compreensões distintas a respeito da atividade científica, a maior parte delas se distanciando de representações de cunho instrumental ou positivista, recusando o arquétipo de que as ciências da natureza são conhecimentos universais objetivos que independem dos contextos culturais em que se inserem. Com relação a sua experiência profissional, as narrativas dos entrevistados permitiram compreender que a estrutura das Instituições de Ensino Superior Pública, embora procurem desenvolver um trabalho que busca acolher o diferente e superar processos históricos de exclusão, ainda têm dificuldade para acolher estudantes pobres, negros e indígenas – sendo o recorte de gênero ainda uma dificuldade a ser enfrentada. Quando indagados sobre sua produção científica e desempenho pedagógico, informam que a estrutura física de trabalho é marcada pela precariedade e sucateamento de espaços que estão aquém das necessidades de promoção da ciência em Mato Grosso.