RAMOS, Edimauro Matheus Carriel et al.. . Anais IX CONEDU... Campina Grande: Realize Editora, 2023. Disponível em: <https://editorarealize.com.br/index.php/artigo/visualizar/97333>. Acesso em: 22/11/2024 21:32
A Sociologia da Infância compreende a criança como um indivíduo para além de pressupostos biologistas, ou seja, como um sujeito protagonista pleno e ativo, social e culturalmente. Neste prisma, as infâncias não se dissociam das práticas sociais, muito menos dos marcadores de classe, raça e gênero, dentre outros, mas são interpeladas de forma não linear por essas diferentes nuances. Entretanto, o adultocentrismo, perspectiva centrada na figura adulta, exerce o papel de mediador da subjetivação das infâncias por meio de pedagogias que instituem currículos, isto é, meios, processos e saberes a serem incorporados e desempenhados pelas crianças. Na seara pós-estruturalista, os Estudos Culturais encaram essas subjetivações como pedagogias culturais, as quais ensinam modos de ser e estar em determinado cenário social, político e cultural, de maneira a conformá-las às normatividades vigentes. Assim, pode-se considerar que as infâncias são atravessadas por incontáveis currículos que visam educá-las, desconsiderando suas pluralidades e particularidades. A partir dessas aproximações, o contexto político ultraconservador que compreende a gestão presidencial de Jair Messias Bolsonaro (2019-2022) exerceu diferentes pedagogias culturais através de diferentes artefatos culturais e políticos que, de alguma forma demarcam representações da infância em seu governo. Neste contexto, indaga-se: quais currículos de infância foram evocados em diferentes artefatos políticos ultraconservadores? Compreendendo o artefato cultural como uma instância pedagógica, a pesquisa em tela tem como base metodológica a pesquisa bibliográfica e documental, com o objetivo de identificar notícias e reportagens online veiculadas ao contexto ultraconservador bolsonarista entre 2019-2022 que acionam discursos/discursividades sobre crianças e infâncias. A perspectiva teórica-analítica da pesquisa é pós-estruturalista dos Estudos Culturais, com emprego da análise do discurso foucaultiana. No mapeamento e na análise empregada, as infâncias são subjetivadas a partir de currículos bolsonaristas que fazem referência às condutas violentas, armamentistas e negacionistas, atributos estes considerados indispensáveis no cenário político em questão.