O objetivo principal deste trabalho é refletir sobre o caráter formativo das entrevistas de história de vida e carreira docente com professores de História. A experiência de uso e análise das entrevistas ocorreram no contexto de um projeto de pesquisa vinculado atualmente à Rede Trajetórias Docentes e ao cotidiano dos estágios de formação docente no curso de licenciatura em História da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN. Para melhor analisar a potência das entrevistas enquanto recurso formativo, utilizamos o conceito central de aprendizagem narrativa (GOODSON, 2020), destacando a entrevista enquanto ato dialógico (PORTELLI, 2016), em que tanto o narrador, quanto o ouvinte aprendem juntos, em um constante “entreolhar-se” e em um exercício intencional de revisitação do vivido e escolha daquilo que, segundo o narrador, merece vir a público. Metodologicamente, utilizamos a história oral, que nos subsidiou desde a construção do projeto de pesquisa, passando pela elaboração de roteiros, seleção de narradores, gravação dos materiais, edição, transcrição e uso em situações de ensino no curso de História. Além dessas etapas, outras foram sendo inseridas junto à turma, que também refletiu sobre esse movimento de escuta e passou a escrita de si e a construção de outras entrevistas junto aos supervisores de estágio. As múltiplas etapas formativas guardam em comum a aprendizagem a partir do diálogo, do exercício de escuta, das partilhas do vivido, ou seja, inteiramente pautado pela aprendizagem narrativa.