Falar de patrimônio é referir-se à memória, ao afeto, à história e à vida, que suscita o recordar, o reviver e o transformar. Imprime algo dinâmico e culturalmente vivaz. Patrimônio começa com gente, relações, imaginações e lugares. No debate institucional e acadêmico sobre a questão patrimonial, constantemente o aspecto da materialidade dos bens culturais está em ênfase, contudo, as discussões sobre a imaterialidade do patrimônio têm possibilitado um olhar mais abrangente sobre este fenômeno, que se constitui como campo de disputas e negociações (MENESES, 2009; CHUVA, 2012). O presente estudo objetiva trabalhar a cultura alimentar do caju no Nordeste brasileiro enquanto elemento agregador de materialidades e imaterialidades que originam o que propomos aqui como paisagem patrimonial do caju . O caju é uma fruta nativa do Nordeste brasileiro de nome científico Anacardium occidentale. É formada por duas partes: castanha (o fruto propriamente dito) e o pedúnculo (parte carnosa). Está presente na cultura popular local e regional nordestina através de várias linguagens: culinárias, pinturas, músicas, provérbios, literaturas, artesanatos etc, principalmente nos estados do Ceará, Piauí, Rio Grande do Norte, Maranhão, Pernambuco, Bahia, Paraíba, Alagoas, Tocantins, Pará e Mato Grosso. No cenário internacional a amêndoa de castanha de caju (ACC) se apresenta como a terceira amêndoa mais comercializada no mundo (em ordem decrescente de demanda: amêndoa, noz, amêndoa de castanha de caju, pistachio e avelã, respectivamente). Dentre os países que cultivam o caju, tem-se: os asiáticos (Índia, Vietnã, Cambodja e Filipinas), os africanos (Moçambique, Tanzânia, Nigéria, Costa do Marfim, Gana, Burandi e Benin), os centro-americanos (Panamá, Costa Rica e Haiti) e os sul-americanos (Brasil, Venezuela, Colômbia, Guianas, Suriname e Equador). Já os países importadores, que tem como foco a castanha, são eles: Estados Unidos, Canadá, Itália, Holanda, Alemanha e outros da União Europeia.